A primeira-ministra não resistiu à pressão sobre o seu Governo e às demissões de ministros, que marcaram os últimos dias, e acaba de demitir-se.
Liz Truss revelou, ao início da tarde em conferência de imprensa, que já apresentou a sua demissão ao Rei Carlos III, pondo fim a um governo que esteve em funções pouco mais de um mês.
Numa declaração à porta da residência oficial de Downing Street, em Londres, Liz Truss revelou, ao início da tarde, que já apresentou a sua demissão ao Rei Carlos III e adiantou que um sucessor será encontrado até ao fim da próxima semana.
"Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Por conseguinte, falei com Sua Majestade o Rei para o notificar de que me demito como líder do Partido Conservador", disse.
Após este anúncio, os partidos da oposição vieram a pública pedir eleições gerais “o mais depressa possível”. E, entretanto, há já uma data a ser avançada: 28 de outubro.
"Falei com o presidente do partido, Jake Berry, e ele confirmou que será possível realizar uma votação e concluir a eleição sobre a liderança até sexta-feira, 28 de outubro", disse Graham Brady, presidente do chamado Comité 1922, conselho dos deputados conservadores que organiza as eleições para a liderança dos 'tories'.
Apesar de estar em funções há seis semanas, Liz Truss caiu nas sondagens devido à turbulência causada pelo "mini orçamento" de 23 de setembro, quando prometeu uma série de cortes fiscais sem explicar como iria financiá-los e controlar a dívida pública.
Como consequência, a libra desvalorizou e os juros sobre as obrigações do Estado aumentaram, o que obrigou o Banco de Inglaterra a intervir para evitar que a crise alastrasse para o resto da economia.
Para acalmar os mercados financeiros, Truss despediu Kwasi Kwarteng e recrutou Jeremy Hunt para ministro das Finanças. Três dias depois, o novo ministro anunciou o cancelamento de quase todos os cortes fiscais previstos e antecipou "decisões dolorosamente difíceis" para restaurar a confiança dos mercados e estabilidade económica, deixando em aberto cortes na despesa pública.
Políticas de Liz Truss eram "sobretudo tontas" e “sem fundamento económico ou orçamental”
Liz Truss “contou uma história às bases do partido” que a fez ser "escolhida para líder e primeira-ministra", mas "no momento em que começou a aplicar as medidas em que acreditava foi totalmente encostada à parede pelos mercados", começa por explicar Ricardo Costa.
A primeira-ministra britânica propôs "medidas de cortes de impostos que não estavam minimamente acompanhadas nem por cortes de despesas, nem por outras receitas", ou seja "faziam disparar a dívida pública britânica, numa altura de guerra e grande incerteza económica".
Estas políticas para Ricardo Costa não são neoliberais, mas sim "completamente tontas" e "sem fundamento económico ou orçamental".
"Em meia dúzia de semanas a credibilidade orçamental do Partido Conservador britânico é nula perante as entidades internacionais, agencias de ranking, mercados e, mais grave para eles, perante os eleitores", considera em análise na SIC Notícias.