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Marinha britânica assume controlo do Canal da Mancha

Vai construir novos centros de acolhimento para os imigrantes ilegais que chegam à costa inglesa.

O Governo britânico entregou esta quinta-feira o controlo das travessias ilegais do Canal da Mancha à Marinha Real, que substituirá a guarda costeira, e vai construir novos centros de acolhimento para os imigrantes ilegais que chegam à costa inglesa.

“A partir de hoje, a Marinha Real assumirá o comando operacional do canal da Mancha, substituindo a guarda costeira, (…) com o objetivo de que nenhum barco chegue ao Reino Unido sem ser detetado”, anunciou o primeiro-ministro, Boris Johnson, num discurso no sul da Inglaterra, perto da costa inglesa.

A alteração implica um investimento de 50 milhões de libras (cerca de 60 milhões de euros) em recursos humanos e novos equipamentos, como helicópteros, aviões e drones, e “envia uma mensagem clara àqueles que conduzem os barcos: se arriscam a vida de outras pessoas no canal, correm o risco de passar a vida na prisão”, afirmou.

O Governo britânico anunciou também a abertura de novos centros de acolhimento de imigrantes ilegais, do género dos que existem na Grécia, para substituir o atual alojamento em hotéis.

Depois de, esta quinta-feira, a ministra do Interior britânica ter assinado um acordo com o Ruanda para o acolhimento de migrantes e requerentes de asilo de várias nacionalidades provenientes de Londres, Boris Johnson adiantou que esta medida poderá abranger “dezenas de milhares” de pessoas.

Segundo assegurou, o Governo britânico decidiu abandonar a estratégia de expulsar os barcos que entram em águas britânicas, uma medida controversa que visava reduzir o número de travessias ilegais, cujo número triplicou no ano passado.

Boris Johnson já tinha afirmado na quarta-feira que ia apresentar novas medidas para combater a imigração ilegal pós-Brexit, após um ano de recorde de travessias de migrantes no canal da Mancha.

O objetivo, segundo explicou o gabinete do chefe do executivo britânico em comunicado divulgado na quarta-feira, é “desmantelar as estruturas de traficantes, intensificar as operações na Mancha, perseguir judicialmente mais criminosos e pôr fim ao comércio bárbaro da miséria humana”.

A apresentação das novas medidas ocorre numa altura de dificuldades políticas em torno do primeiro-ministro, notificado, na terça-feira, de que seria multado pelas festas realizadas em Downing Street durante os períodos de confinamento decretados para conter a pandemia de covid-19 – um escândalo que afetou a sua popularidade.

Apesar de Boris Johnson ter feito do combate à imigração ilegal a sua prioridade após o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), as travessias continuaram a aumentar no Canal da Mancha.

Mais de 28.500 pessoas fizeram esse percurso em 2021, em contraste com 8.466 em 2020, 1.843 em 2019 e 299 em 2018, segundo números do Ministério do Interior britânico.

O Parlamento britânico está também prestes a aprovar uma lei que pode autorizar a criação de centros no estrangeiro para onde deportar migrantes durante o período em que os pedidos estão a ser avaliados ou ainda autorizar a guarda costeira a expulsar das águas territoriais britânicas embarcações com migrantes.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), essa lei, se for aprovada, violará a Convenção de Genebra sobre os Refugiados, da qual o Reino Unido é signatário.

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