Mundo

Invasão russa na Ucrânia: “Quem manda aqui é Putin”, mas “russos irão pagar muito caro”

José Milhazes, correspondente na Rússia durante 38 anos, faz o ponto de situação da tensão militar vivida no Leste europeu.

Para o comentador da SIC, José Milhazes, a Ucrânia “é uma obsessão” do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, “não há motivos válidos para uma invasão” e, em caso de efetivo ataque, será um erro de palmatória muito grande que os russos irão pagar muito caro.

Começa por referir que o território ucraniano é importante para Moscovo “primeiro, porque é um corredor para a Europa, entre a Rússia e a União Europeia”, e “é importante, segundo a Rússia, manter estes corredores”.

Aponta, igualmente, laços “históricos, económicos e familiares” entre os dois países, no entanto, se “a Rússia pode ter razão de queixa da Ucrânia e da política interna ucraniana, não pode invadir” o país.

“Se a Rússia avançar sem provocação [de Kiev], todas as promessas de que não vão atacar vão por água abaixo”, acrescenta.

Para José Milhazes, a questão ucraniana “é uma obsessão” de Vladimir Putin, pois, “até 2014, até à anexação da Crimeia e o início da guerra no leste da Ucrânia, as relações entre Rússia e Ucrânia, mesmo com altos e baixos, mantinham-se normais”. Assim, o Presidente russo “não está isento de culpas”.

“A Ucrânia é membro da ONU desde a sua fundação, é um país reconhecido internacionalmente. Não há motivos válidos para uma invasão”, sublinha.

Sobre a comparação entre a atual tensão e o conflito de 2014, “não são comparáveis”.

“[Agora], já estavam avisados para o dia da invasão, e na Crimeia não estavam. Na Crimeia, foram soldados sem simbologia militar que ocuparam” o território, explica.

Ao mesmo tempo que sublinha que “a Ucrânia tem uma Marinha e uma Força Aérea muito pequena”, refere que “neste momento, há uma acumulação de ódio entre ucranianos”, sendo que “arte da minoria pró-russa também não apoia a invasão, porque sabe que, se apoiar depois vai viver pior” no país.

“A Ucrânia é a Alemanha e a França juntos. Onde é que a Rússia vai buscar meios para controlar a Ucrânia?”

Por fim, sobre a Bielorrússia, Minsk “diz que não vai participar numa invasão”.

“Quem manda aqui é Putin, ponto final. E ele é que vai tomar a decisão. Eu acho que, pelo menos, no dia 16 [de fevereiro, esta quarta-feira, que muitos apontam ser a data da invasão russa] não o vai fazer. Se ele cometer esse erro, será um erro de palmatória muito grande que os russos irão pagar muito caro”, termina.

Últimas