Guerra Rússia-Ucrânia

Equipa da SIC visita delegação da UE em Kyiv atingida durante o ataque de 28 de agosto

A SIC visitou os escritórios da delegação da União Europeia em Kyiv, afetados pelo ataque de 28 de agosto. A embaixadora da União Europeia acredita que Vladimir Putin quis intimidar os diplomatas, uma mensagem com resposta pronta: poucos dias depois do ataque, os funcionários voltaram ao trabalho, no meio dos destroços.

Iryna Shev

Em pleno coração da capital ucraniana, as explosões afetaram todos os edifícios aqui à volta. Os sinais são mais do que evidentes aqui no edifício da delegação da União Europeia (UE), mas também em edifícios de outras organizações internacionais há sinais como estes. Não se sabe se era um alvo direto, mas a proximidade deixa essa questão em aberto.

Estas imagens foram captadas logo a seguir ao ataque. Quase todos os andares sofreram danos. Mais de 100 janelas ficaram destruídas e os estilhaços espalharam-se pelos corredores.

"A única réstia de esperança foi o facto de ter acontecido de manhã cedo e o edifício estar vazio. Por isso, ninguém ficou ferido. Até os nossos seguranças, que de outra forma poderiam ter sido atingidos, estavam no abrigo. Estão normalmente cerca de 150 pessoas no edifício. E não consigo imaginar o que teria acontecido se o ataque tivesse ocorrido durante o dia", explica Katarína Mathernová, Embaixadora da UE na Ucrânia.

Eram 05:40 da manhã de 28 de agosto quando caiu o primeiro míssil de fragmentação. Vinte segundos depois, o segundo. Caíram a cerca de 80 metros da delegação da União Europeia. Os funcionários da delegação foram rápidos a reagir.

"Apesar de toda a confusão que se vivia aqui, com alguns colegas, começámos a limpar. Foi uma resposta um pouco emocional e, se calhar, não muito inteligente, mas foi uma reação de querer fazer algo, de querermos estar juntos. Já é a nossa casa, e queríamos tomar conta da nossa casa", conta Inês Cabral, funcionária da Embaixada da UE na Ucrânia.

Uma casa que ficou afetada pela primeira vez em mais de três anos e meio de guerra em larga escala.

"A Rússia tem acesso a essa informação, sabe perfeitamente o que é a nossa sede, inclusive aqui há colegas que vivem ao lado. Obviamente, mudou um bocadinho a perspetiva, porque até agora, a verdade é que eu acreditava que estava 100% segura, porque somos diplomatas, porque estamos aqui, obviamente que, podemos sofrer na mesma danos colaterais, mas mudou um bocadinho a perspetiva no sentido em que, ok, de facto, pode acontecer diretamente connosco", acrescenta.

A embaixadora da delegação da União Europeia acredita que a linguagem da força é a única que o presidente russo compreende e faz um apelo a uma maior pressão internacional. Enquanto isso, os funcionários continuam aqui na Ucrânia a fazer a sua parte e mostram que, mesmo sob ataque, a diplomacia resiste.

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