A Estação Espacial Internacional (ISS) tem a morte anunciada: a NASA divulgou o plano de a destruir em janeiro de 2031. Deverá despenhar-se no Oceano Pacífico, num local desabitado.
Em comunicado, a NASA revelou o plano de transição para o fim das operações da ISS. Até final de 2030 as operações continuarão normalmente, depois em janeiro de 2031, vai despenhar-se na Terra, mais concretamente no Oceano Pacífico Sul, num local conhecido como Área Desabitada Oceânica do Pacífico Sul ou Ponto Nemo.
O nome é uma homenagem ao marinheiro do submarino de “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Júlio Verne. É o ponto no oceano que está mais distante de terra firme – fica a aproximadamente 4800 quilómetros da costa leste da Nova Zelândia e a 3218 quilómetros a norte da Antártida – e tem sido um túmulo aquático para muitas outras naves e engenhos espaciais.
Estima-se que as nações com programas espaciais como os EUA, a Rússia, o Canadá, o Japão e os países europeus da ESA tenham afundado neste local cerca de 300 detritos espaciais desde 1971.
Com cerca de 400 toneladas, a estação espacial é de longe o objeto mais pesado feito pelo homem a orbitar a Terra. E quanto maior for um objeto, menos provável é que a atmosfera seja capaz de queimá-lo completamente.
O posto avançado da Terra no espaço há quase 24 anos
A Estação Espacial Internacional (ISS) é o maior laboratório científico construído fora da Terra. Está em órbita há 23 anos a cerca de 400 km de altitude. O primeiro módulo foi lançado a 20 de novembro de 1998, mas foram necessários 42 lançamentos com material para finalizar a construção, embora a sua evolução seja contínua – um novo módulo foi adicionado em 2021.
Em 2000 a ISS estava pronta para receber a primeira tripulação e a partir de então nunca esteve desocupada.
A 23 de abril de 2021, o astronauta da ESA Thomas Pesquet partiu para a Estação para uma missão de seis meses durante a qual assumiu o comando da Estação, tendo sido o quarto europeu a ocupar este posto. Foi o primeiro europeu a viajar no foguetão Crew Dragon da SpaceX e foi acompanhado pelos astronautas da NASA Shane Kimbrough e Megan McArthur e pelo astronauta da agência espacial japonesa JAXA Akihiko Hoshide.
Terminada a missão de seis meses, Thomas Pesquet foi substituído pelo alemão Matthias Maurer que está atualmente a bordo da Estação com a Crew-3.
A próxima missão será comandada pela primeira vez por uma europeia, Samantha Cristoforetti, a primeira mulher europeia a comandar estação espacial.
Parceria de nações rivais
É a maior construção que o Homem fez fora da Terra numa parceria que junta nações “rivais”: EUA, Rússia, Canadá, Japão e os países europeus da ESA. Mas a Rússia já fez questão de dizer que vai abandonar a parceria. Anunciou em abril de 2021 que vai abandonar o projeto a partir de 2025 e terá planos para construir a sua própria estação espacial que poderá ser lançada em 2030.
Esta extraordinária cooperação entre nações permitiu conduzir várias e extraordinárias experiências científicas a bordo da ISS e que têm impacto na Terra.
As operações da ISS estavam inicialmente previstas para terminarem em 2015, mas este prazo foi sendo sucessivamente revisto e alargado pelos parceiros internacionais, estando agora previsto para 2030.
Mas ao fim de 30 anos de serviço, a Estação Espacial Internacional tornar-se-á demasiado velha e cara para ser mantida, além de já não ser possível garantir a total segurança dos astronautas.