Mundo

Caçador de planetas da NASA desvenda mistério de estranhos sinais emitidos a 2365 anos-luz

Uma enorme nuvem de poeira que oculta a sua estrela provoca estranhas mudanças.

Catarina Solano de Almeida

Os cientistas que trabalham na missão TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite, Satélite de Rastreio de Exoplanetas em Trânsito), lançado em abril de 2018, depararam-se com um novo mistério: estranhos sinais emitidos por um objeto denominado TIC 400799224, a 2365 anos-luz.

Quando examinaram os dados do TESS recolhidos entre março de 2019 e maio de 2021, o TIC 400799224 deu nas vistas porque, em poucas horas, se tornou quase 25% mais escuro e depois teve várias outras mudanças repentinas de brilho.

Os investigadores suspeitam que no coração de TIC 400799224 há uma estrela binária – duas estrelas semelhantes que circulam à volta uma da outra. Mas uma dessas estrelas parece estar a pulsar a cada 19,77 dias, causando padrões mais complicados. Essa pulsação, argumentam os astrónomos, é causada por uma enorme nuvem de poeira ao redor da estrela, provavelmente por um objeto na sua órbita que emite periodicamente nuvens de poeira e que a ocultam.

A quantidade de poeira emitida tem uma massa combinada equivalente aos restos de um asteroide de 10 quilómetros de largura, calculam o cientistas do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

Pode haver outras explicações para essa poeira, admitem os cientistas, mas esta será a mais provável, revelam no estudo publicado no Astronomical Journal.

Os astrónomos recorreram também a dados de outros instrumentos para obter informações adicionais sobre este objeto, a partir dos observatórios na Terra All-Sky Automated Survey for Supernovae e Las Cumbres Observatory,

Missão de dois anos à caça de exoplanetas prolongada

O telescópio TESS foi lançado a 18 de abril de 2018 a bordo do foguetão Falcon 9, da empresa aeroespacial privada SpaceX, da base de Cabo Canaveral, na Florida, nos Estados Unidos.

Inicialmente prevista para durar apenas dois anos, a missão acabou por ser prolongada por mais dois.

Poucos meses depois de entrar em órbita, o satélite artificial começou a sua missão, descobriu primeiro uma “Super-Terra” e, três dias depois, uma “Terra muito quente” em sistemas solares distantes.

A “Super-Terra”, primeiro exoplaneta descoberto pelo TESS, orbita a estrela Pi Mensae, ou HD 39091, a cerca de 59.5 anos-luz da Terra, na constelação Mensa, a mesa. Pi Mensae é uma estrela-anã amarela como o nosso Sol.

A “Terra muito quente” é ligeiramente maior que o nosso planeta e orbita a estrela-anã vermelha LHS 3844, a 49 anos-luz daqui – o que é considerado muito perto. Demora 11 horas a dar a volta à estrela – um ano muito curto o que significa que está demasiado perto para ser habitável.

Só em janeiro de 2019, detetou três novos planetas e seis supernovas fora do nosso sistema solar.

Até à data, o telescópio TESS detetou já detetou mais de 4703 “objetos de interesse”, 172 dos quais são exoplanetas confirmados.

Ao contrário do telescópio espacial Kepler, também da NASA, que “caçou” mais de 2.600 exoplanetas numa determinada zona do céu, a maioria a orbitar estrelas pouco brilhantes, entre 300 e 3.000 anos-luz da Terra, o TESS procura novos planetas fora do Sistema Solar em todo o céu.

Últimas