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Exame ao sangue poderá vir a prever complicações na gravidez

O exame, que está ainda em fase experimental, permite identificar indicadores relacionados com o desenvolvimento de pré-eclâmpsia semanas antes dos primeiros sintomas.

O diagnostico de situações de pré-eclâmpsia em grávidas pode passar a ser feito semanas antes de aparecerem os primeiros sintomas. Um grupo de investigadores norte-americanos está a desenvolver um exame ao sangue que permite encontrar precocemente identificadores que estejam relacionados com o aumento da tensão arterial e o desenvolvimento desta condição.

Os principais sintomas de pré-eclâmpsia surgem, normalmente, no terceiro trimestre de gestação, podendo causar falhas no funcionamento dos órgãos, a ocorrência de ataque cardíaco ou levar ao nascimento prematuro da criança. Esta condição atinge uma em cada 20 grávidas,

Os exames estão ainda em fase experimentais, mas podem vir a ser uma mais-valia no diagnóstico precoce desta condição. O estudo, financiado pela empresa norte-americana Mirvie, analisa mensagens químicas presentes no sangue da progenitora, do feto e da placenta, para encontrar indicadores que consigam prever o desenvolvimento de pré-eclâmpsia entre as 16 e as 18 semanas – ou seja, antes de aparecer qualquer sintoma.

“É no primeiro semestre que normalmente que grande parte do início das doenças acontece em termos biológicos” explica Maneesh Jain, CEO da Mirvie, à AP.

Segundo os dados divulgados no artigo científico, publicado esta quarta-feira no jornal científico Nature, 75% das mulheres onde foram identificados indicadores desenvolveram pre-eclâmpsia.

Atualmente o diagnóstico da pré-eclâmpsia é feito através da identificação de proteína na urina, da medição da pressão arterial – dois dos principais sintomas da doença. Além disso, podem também ser realizados outros exames, que são requeridos mediante suspeita. Identificando a doença quando começam a aparecer sintomas, “deixa muito pouco tempo para enfrentar o desafio“, acrescenta o CEO. “E é praticamente gerir a crise.”

O diagnóstico precoce desta condição poderá levar os médicos a adotar ajustamentos ao tratamento das mulheres, de forma a prevenir o aumento da pressão arterial. Um exemplo é a prescrição de uma pequena dose de aspirina que irá atrasar o início da doença, explica S. Ananth Karumanchi, médica no hospital Cedars-Sinai, em Los Angeles, e especialista em pré-eclâmpsia (mas sem ligação ao estudo da Mirvie), citada pela AP.

Estudos anteriores já tinham avançado a possibilidade de identificar, precocemente, situações de pré-eclâmpsia. Esta investigação analisou as cadeias de RNA em 2.539 amostras de sangue de 1.840 mulheres oriundas dos EUA, Europa e África. Depois do RNA ser identificado, este é analisado informaticamente, de forma a identificar padrões e reconhecer indicadores que possam estar a associados a pré-eclâmpsia e também outras doenças.

É, porém, necessário prosseguir com a investigação para que seja possível perceber de que forma o exame irá conseguir identificar outras condições que se desenvolvem durante a gravidez, assim como para validar os resultados de diagnósticos a pré-eclâmpsia.

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