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Cazaquistão: EUA vão monitorizar tropas russas contra violações de direitos humanos

O Cazaquistão regista há vários dias protestos em grande escala que se iniciaram com manifestações após o anúncio do aumento dos preços do gás.

Os Estados Unidos garantiram esta quinta-feira que vão monitorizar as tropas russas, destacadas para apoiar as autoridades do Cazaquistão na “pacificação” dos protestos da população, contra qualquer violação dos direitos humanos ou tentativa de “assumir o controlo” de instituições cazaques.

“Os Estados Unidos, e francamente o mundo todo, estão a monitorizar qualquer possível violação dos direitos humanos. E também estamos a monitorizar qualquer ato que possa lançar as bases para a tomada das instituições do Cazaquistão”, assegurou o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price, em declarações aos jornalistas.

O Cazaquistão, o maior país da Ásia central, regista há vários dias protestos em grande escala que se iniciaram com manifestações após o anúncio do aumento dos preços do gás, e degeneraram em tumultos incontroláveis pelas autoridades.

A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança militar que agrupa seis ex-repúblicas soviéticas, respondeu ao apelo do Presidente do Cazaquistão e destacou para o país um “contingente de paz”, controlado pela Rússia.

“Pedimos às forças de manutenção da paz que respeitem os direitos humanos a fim de apoiar uma resolução pacífica”, insistiu Ned Price.

“Esperamos que o Governo do Cazaquistão seja capaz de responder aos problemas que são fundamentalmente de natureza económica e política”, acrescentou Price, assegurando que os Estados Unidos estão “preparados” para prestarem o seu apoio como “parceiro do povo e do Governo” cazaques.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, já tinha pedido esta quinta-feira ao seu homólogo cazaque, Mukhtar Tileuberdi, uma “resolução pacífica” da crise provocada pelos protestos sem precedentes no Cazaquistão.

No decurso de um contacto telefónico, “o secretário de Estado reiterou o pleno apoio dos Estados Unidos às instituições constitucionais e à liberdade dos ‘media’ e defendeu uma resolução pacífica e respeitadora dos direitos humanos face à crise”, indicou em comunicado o seu porta-voz, Ned Price.

Em Genebra, a responsável da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, também apelou às partes em conflito no Cazaquistão que se “abstenham de toda a violência”, e pugnou por uma “resolução pacífica”.

Em Bruxelas, a União Europeia optou por sublinhar que a intervenção no Cazaquistão do “contingente de paz” da OTCS “deve respeitar a soberania e independência” do país.

A Rússia defendeu esta quinta-feira a participação das forças da Organização do Tratado de Segurança coletiva (OTSC), no processo de “pacificação” dos protestos.

“Encaramos os últimos acontecimentos ocorridos neste país amigo como uma tentativa inspirada desde o exterior para destruir violentamente a segurança e integridade do Estado com a participação de formações armadas, preparadas e organizadas”, assinalou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

PELO MENOS 18 MEMBROS DA FORÇA DE SEGURANÇA MORTOS E CERCA DE 750 FERIDOS

De acordo com diversas agências noticiosas russas, que citam o Ministério do Interior cazaque, pelo menos 18 membros das forças de segurança foram mortos e 748 feridos nos tumultos que decorrem desde domingo.

Segundo a mesma fonte, foram detidas pelo menos 2.298 pessoas envolvidas nos protestos.

Em Almaty (sudeste), a maior cidade do país, os manifestantes atacaram e incendiaram edifícios oficiais, incluindo a Câmara Municipal e a residência presidencial.

Com cerca de 18 milhões de habitantes, o Cazaquistão está a viver os protestos de rua mais graves desde que conquistou a independência, há três décadas.

A antiga república soviética da Ásia Central vende a maior parte das suas exportações de petróleo à China e é um aliado estratégico da Rússia, dois países seus vizinhos.

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