Mundo

A vida numa ditadura militar. Reaprender a viver sem uma perna

Ko tem 24 anos e é pai solteiro. Perdeu uma perna a enfrentar os militares em Myanmar.

SIC Notícias

Todas as manhãs, Ko Phyo, de 24 anos, sobrevivente do golpe militar em Myanmar e pai solteiro, dá banho ao filho, de dois anos, sentado numa cadeira com um saco de plástico a envolver o que resta da sua coxa destruída por uma bala.

O jovem foi ferido na linha da frente dos protestos contra a Junta Militar de Myanmar. Agora, adapta-se à vida de amputado com um filho para criar.

À Reuters conta como se juntou aos protestos na cidade de Rangum numa tentativa de proteger os manifestantes contra os militares. Foi num dia no início de março que foi atingido por uma bala.

“Estávamos a fugir porque não queríamos ser detidos nem espancados. Então eles começaram a disparar. Atingiram-me numa perna e eu caí”.

"Disse-lhes para me amputarem a perna imediatamente"

A bala que o atingiu atravessou três artérias. O soldado que disparou o tiro removeu-a com uma faca e o jovem acabou por ser transportado para um hospital militar, viagem que durou mais de duas horas, conta.

“Não estava a aguentar as dores. Disse-lhes para me amputarem a perna imediatamente. Eles amputaram-na ao sétimo dia”.

Desde então, Ko tem-se adaptado à vida numa cadeira de rodas, que usa para circular dentro de casa. Na rua, apoia-se em muletas, devido ao pavimento irregular. A sua esperança é a de poder regressar ao trabalho um dia.

"Todos os manifestantes estão a lutar pelas próximas gerações ... Os militares deveriam proteger o seu próprio povo, mas em vez disso estão a matar-nos."

Últimas