A sonda Parker Solar Probe tem como objetivo estudar o Sol, mas, no caminho, captou uma imagem que surpreendeu os cientistas. A fotografia foi tirada à zona noturna de Vénus e mostra um brilho à volta do planeta.
O segundo planeta do Sistema Solar é um passo importante no percurso da missão da Parker Solar Probe: a sonda entrou na órbita de Vénus para usar a força gravítica do planeta e se aproximar do Sol.
Foi nesta fase da missão que, a 11 de julho, a sonda captou uma imagem do lado noturno do planeta onde se podia ver um brilho – apelidado de nightglow (brilho noturno, em português). Esta luz é emitida pelos átomos de oxigénio, na atmosfera alta, durante a recombinação de moléculas.
Na fotografia, é também possível ver uma mancha mais escura que corresponde à Aphrodite Terra, a maior das duas principais regiões elevadas de Vénus. A temperatura que se regista nesta zona – cerca de 30ºC – é bastante inferior à zona envolvente. Será este fator que justifica a mancha negra que se vê na captação.
O aspeto da imagem apanhou os investigadores de surpresa, uma vez que a sonda “está desenhada e testada para observações de luz visível” e não a emissão térmica. “Nós esperávamos ver nuvens, mas a câmara espreitou diretamente até à superfície”, afirma Angelos Vourlidas, cientista no laboratório de física da Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, em declarações à NASA.
Depois de analisarem a imagem, os investigadores decidiram testar a sensibilidade da câmara da Parker Solar Probe para perceber se o aparelho tinha capacidade de captar luz infravermelha. Caso se confirme a captação de infravermelhos, esta missão irá poder observar poeiras existentes à volta do Sol e no sistema solar. Por outro lado, se não conseguir, esta imagem abre uma “janela” desconhecia através da atmosfera do planeta Vénus. “Em qualquer das hipóteses, uma oportunidade de ciência excitante aguarda-nos”, afirma Vourlidas.
A equipa de investigadores decidiu tentar repetir a observação registada em julho de 2021. No dia 20 de fevereiro, a Parker Solar Probe observou novamente o lado noturno de Vénus, mas os dados captados neste dia só serão analisados no final de abril.
Javier Peralta, cientista planetário da equipa Akatsuki, missão japonesa de órbita a Vénus, avança que se se confirmar que a sonda “consegue sentir a emissão termal da superfície de Vénus e o nightglow – muito provavelmente oriundo do oxigénio – no limbo do planeta, poderá ter contribuições valiosas para os estudos da superfície venusiana”.
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