O Presidente chinês, Xi Jinping, disse hoje querer trabalhar com Washington para concluir um acordo que ponha fim à prolongada guerra comercial entre os dois países, mas que não tem medo de "retaliar" se necessário.
"Vamos retaliar, caso seja necessário, mas estamos a trabalhar ativamente para pôr fim à guerra comercial", disse Xi aos jornalistas, em Pequim, perante empresários e ex-autoridades norte-americanas, no Grande Palácio do Povo, o parlamento chinês, junto à Praça Tiananmen.
"Queremos trabalhar num acordo preliminar, baseado no respeito mútuo e na igualdade", defendeu.
China convida negociadoresdos EUA para nova ronda de conversações
As palavras de Xi Jinping surgem horas depois de o vice-primeiro-ministro chinês Liu He ter convidado o representante do Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, para uma reunião em Pequim.
O objetivo é conseguir, pelo menos, um acordo entre as duas maiores economias mundiais no sentido de ultrapassar o diferendo comercial que tem levado à aplicação de elevadas tarifas retaliatórias por ambas as partes.
Caso um acordo não seja alcançado até meados de dezembro, Washington estipulou uma nova ronda de taxas alfandegárias adicionais, de 15%, sobre 156 mil milhões de dólares de bens importados da China.
China anuncia acordo preliminar com EUA para redução gradual de taxas alfandegárias
No início do mês de novembro, foi anunciado um novo passo para um entendimento que previa uma descida gradual das taxas cobradas às importações, que têm estado na base da guerra comercial entre os dois países. O FMI classificava as negociações entre os dois países como construtivas e sérias.
Impacto das taxas
O aumento das taxas vai refletir-se em vários bens de consumo, incluindo telemóveis, portáteis ou utensílios domésticos, nas vésperas do Natal, ameaçando também os retalhistas norte-americanos.
Aquele prazo, imposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, deve pressionar os negociadores norte-americanos e chineses a concluir um acordo nos próximos dias.
Os governos dos dois países impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de euros de bens importados um do outro, numa guerra comercial que começou no verão do ano passado.
Diferendo China-EUA
Em causa estão os planos de Pequim para o setor tecnológico, que visam transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA consideraram que aqueles planos, impulsionados pelo Estado chinês, violam os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
Em 26 de outubro, o Governo chinês confirmou o progresso das negociações por um acordo parcial e assegurou que as consultas técnicas sobre o texto já tinham sido concluídas.
Trump descreveu o pacto como uma "primeira fase" num processo que pode ser partido em até três etapas.
Aquele acordo preliminar deveria ter sido assinado em meados de novembro, mas as negociações têm-se arrastado, sugerindo desentendimentos entre Washington e Pequim.
A delegação do Bloomberg's New Economy Forum, que esteve hoje no Grande Palácio do Povo, incluiu o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, o ex-secretário do Tesouro Hank Paulson ou o ex-representante comercial dos EUA Mike Froman.
Com Lusa