Alemanha, Itália e França condenaram esta quarta-feira a ofensiva militar turca contra as milícias curdas no norte da Síria, com o Governo alemão a alertar para os riscos de instabilidade política na região.
Os Estados Unidos anunciaram domingo que estão a retirar o contingente militar no norte da Síria, para permitir a operação turca contra as milícias curdas, numa decisão muito contestada internamente, mas também por vários países e organizações internacionais, que lembram os riscos da nova situação.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, disse esta quarta-feira que a ação militar esta quarta-feira lançada pela Turquia no norte da Síria vai tornar a região mais instável e pode tornar-se um balão de oxigénio para o grupo jihadista Daesh, que está a ser combatido por uma coligação internacional que inclui os EUA e as milícias curdas.
"Condenamos veementemente a ofensiva turca no noroeste da Síria. A Turquia, portanto, contribui para desestabilizar ainda mais a região e para fortalecer o [grupo extremista] Estado Islâmico", disse Maas, num comunicado divulgado esta quarta-feira.
Para o Governo alemão, "a Síria precisa de estabilidade e de um processo político" que deve ser definido em breve com a nomeação de uma comissão constitucional.
O chefe da diplomacia alemã diz que a "ofensiva turca ameaça causar uma nova catástrofe humanitária e novos movimentos migratórios", pedindo ao Governo de Ancara para terminar a ofensiva militar.
Idêntica preocupação foi esta quarta-feira manifestada pelo Governo italiano, que considera que a ação militar contra as milícias curdas vai "desestabilizar a situação no terreno", de acordo com um comunicado do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi Di Maio.
"Ações unilaterais correm o risco de prejudicar os resultados alcançados na luta contra a ameaça terrorista, para a qual a Itália ofereceu uma contribuição significativa dentro da coligação contra o [grupo extremista] Daesh", escreveu Di Maio.
De Paris, surge uma condenação do Governo francês "com muita firmeza" contra o ataque turco na Síria.
A secretária de Estado para os Assuntos Europeus de França, Amélie Montchalin, anunciou ainda que a França se vai juntar à Alemanha e ao Reino Unido para uma declaração conjunta que "será extremamente clara" quanto à condenação "com veemência" da ofensiva militar de Ancara.
"Vamos dar conhecimento disso ao Conselho de Segurança da ONU", acrescentou a responsável governamental de França.
O Presidente turco, Recep Erdogan, anunciou esta quarta-feira o início de uma nova operação militar contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais, mas considerada terrorista por Ancara.
A Turquia aspira a controlar uma faixa adjacente à fronteira síria, do Eufrates ao Iraque, dominado pelas milícias curdas, que estabeleceram uma administração local que contraria os objetivos de Ancara.
Lusa