Cerca de 20.000 migrantes subsarianos abandonados no deserto do Saara foram resgatados pela Organização Internacional das Migrações (OIM) desde que em 2016 iniciou a sua atividade na região, anunciou esta terça-feira o organismo associado à ONU.
O número inclui 406 pessoas - entre elas sete mulheres e quatro crianças - encontradas no passado dia 15 de junho "desorientadas sob o sol e sem água, a vaguearem pelas areias", no deserto Tenere, disse à agência Efe um responsável da organização em Tunes.
Os últimos migrantes resgatados "procediam de 14 países africanos, na maioria, do Mali, Guiné Conacri e Costa do Marfim, e foram levados para a cidade de Assamaka, onde foram acolhidos pela equipa da OIM ali deslocada", acrescentou a mesma fonte.
Este país do norte de África detém todos os anos vários milhares de migrantes irregulares, que transporta em camiões para localidades limítrofes com o Mali e o Níger, como In Guezzam, de onde os obriga a atravessar as fronteiras a pé com rações de água e comida escassas.
Apesar do secretismo imposto pelo regime argelino à questão, organizações internacionais de defesa dos direitos humanos calculam que o Governo de Argel expulsou e abandonou no deserto mais de 15.000 pessoas nos últimos dois anos.
As mesmas organizações admitem a impossibilidade de vir a saber-se o número de pessoas que perderam a vida no deserto Tenere a tentar atravessar a Argélia.
Os que conseguem sobreviver e são resgatados costumam sofrer de várias patologias, desde desidratação e feridas severas até graves perturbações mentais.
A seguir aos primeiros cuidados na base avançada, os migrantes resgatados no deserto são depois transportados para a cidade de Arlit, a 235 quilómetros a sul, onde recebem ajuda especializada no âmbito de um projeto da OIM financiado pelo departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido e pela União Europeia no quadro do mecanismo europeu de apoio à migração.
Os migrantes recebem aqui a possibilidade de integrarem um projeto de ajuda ao regresso aos locais de origem, colocado em marcha pela Iniciativa Conjunta da União Europeia e da OIM para a Proteção e Reintegração de Migrantes.
De acordo com os dados da OIM, que também organiza operações de resgate conjuntas a partir da cidade de Dirkou e tem uma base na cidade vizinha de Agadez, cerca de 90% dos resgatados são integrados naquele programa.
Lusa