Visita de quatro dias aos EUA para selar aproximação ideológica Brasil- EUA
A visita do presidente Bolsonaro de domingo a quarta-feira começa em Washington e deve celebrar uma nova aliança baseada na proximidade ideológica, com o Brasil totalmente alinhado com os Estados Unidos e ansioso por uma cooperação total.
"Esta é a primeira visita bilateral do presidente no exterior, um sinal da prioridade que o governo atribui à construção de uma forte associação com os Estados Unidos", porta-voz a presidência, Otávio do Rego Barros.
Bolsonaro nunca escondeu a admiração por Trump
Às vezes apelidado de "trunfo tropical", Bolsonaro, que chegou ao poder em janeiro, nunca escondeu a sua admiração pelo homólogo norte-americano, com quem partilha o ultraconservadorismo, anti multilateralismo e ceticismo climático.
Jair Bolsonaro será acompanhado por seis ministros, incluindo dois pesos pesados do Governo: o ministro da Economia, o ultraliberal "menino de Chicago" Paulo Guedes, e o do juiz Sergio Moro, bem como o chefe da diplomacia Ernesto Araújo, autor do artigo "Trump pode salvar o Ocidente" publicado na internet.
Assuntos em cima da mesa
Além da situação na Venezuela e do estreitamento dos laços econômicos e comerciais, o uso pelos Estados Unidos da base espacial de Alcântara, localizada no norte do Brasil, também estará sobre a mesa.
O filho e deputado Eduardo Bolsonaro também faz parte da comitiva ao desempenhar um papel importante na reaproximação de Brasília com o ultraconservador de direita americano, incluindo Steve Bannon, ex-estrategista de campanha Donald Trump.
"Reunião privada" entre Trump - Bolsonaro agendado para 3.ª feira
Uma "reunião privada" está marcada para terça-feira entre os dois chefes de Estado na Casa Branca.
O Presidente brasileiro aproveitará ainda a estadia nos EUA para se reunir com o Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e participar de fóruns sobre investimentos no Brasil.
Na noite deste domingo foram convidados líderes de opinião para a residência do embaixador brasileiro em Washington, incluindo Steve Bannon e Olavo de Carvalho, um exilado brasileiro nos Estados Unidos considerado "guru" por Jair Bolsonaro.
Alinhamento com os Estados Unidos
No Facebook, na quinta-feira, Bolsonaro anunciou a assinatura de vários acordos em Washington, incluindo um sobre o lançamento de satélites norte-americanos na base de Alcântara, no norte do estado de Maranhago.
Devido à proximidade com a linha do equador, Alcântara é considerada a localização idela porque permite economizar combustível em cerca de 30% para os lançamentos.
As forças armadas brasileiras lançaram a polémica ao anunciar o abandono da soberania.
Um acordo que começou a ser negociado em 2000 deve passar agora por um acordo para a proteção dos direitos de propriedade intelectual de roquetes e satélites.
Um acordo sobre "Alcantara mostra o alinhamento de Bolsonaro com os Estados Unidos, como um sinal verde para a aliança entre (fabricantes de aeronaves) Boeing e Embraer" no processo de finalização, afirmou à AFP Paulo Wrobel , da Universidade PUC-Rio.
Trump e Bolsonaro devem reafirmar a linha dura para Venezuela
Os Estados Unidos lideraram a campanha que juntou cerca de 50 países para reconhecer o autoproclamado presidente Juan Guaidó exigir a saída do poder do Presidente socialista Nicolas Maduro.
Mas, se Donald Trump não descartou uma intervenção militar, essa opção não é para já uma opção para Jair Bolsonaro, nem para a dúzia de países latino-americanos do grupo de Lima, que também inclui o Canadá.
"É improvável que o Brasil tome medidas militares para resolver a situação na Venezuela, mas é possível que ele se torne mais firme publicamente com esta viagem a Washington", disse à AFP Roberta Braga, centro da América Latina. Conselho Americano do Conselho Atlântico, com sede em Washington.
Donald Trump está interessado em ter um forte aliado como o Brasil, o primeiro poder na América Latina, "para continuar a pressionar Maduro e garantir que a onda de apoio que recebeu Guaidó não diminua com o tempo", disse Thomaz Favaro, analista da Control Risks.
Depois dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro visitará o Chile e, no final de março, Israel.