"Não é um ato de desobediência à lei. Pelo contrário, é de obediência ao povo e à Constituição", disse hoje Fernando Haddad, que acompanha Lula da Silva como candidato a vice-presidente na candidatura que o PT formaliza hoje junto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, para as eleições de 07 de outubro.
Lula da Silva está preso desde abril, condenado a 12 anos por corrupção por um tribunal de segunda instância, o que, de acordo com a lei brasileira, o impede de ser candidato a qualquer cargo eletivo.
Haddad declarou que, apesar dos obstáculos legais, o PT "está disposto a prosseguir a luta pela liberdade e inocência de Lula" para o levar "novamente à Presidência", porque isso "expressa o desejo de transformação do povo" brasileiro.
Luiz Inácio Lula da Silva, de 72 anos, é o favorito em todas as sondagens, arrecadando cerca de um terço das intenções de voto, o dobro de qualquer outro candidato.
O candidato a vice-presidente reiterou a tese do PT no sentido de uma suposta "perseguição política" contra Lula, afirmando que o ex-Presidente foi condenado "sem provas" e num processo que pretende impedir que volte ao poder, que exerceu entre 2003 e 2010.
O obstáculo às aspirações de Lula está numa lei que ele próprio sancionou em 2010, quando ainda governava, e que veta de forma explícita a candidatura de uma pessoa condenada em duas instâncias judiciais.
Apesar de o PT afirmar que Lula é o seu "único candidato", tem um "plano B" -- embora não reconhecido oficialmente -, que implica que se a candidatura de Lula for impedida pelo TSE, Haddad assumirá o seu lugar e terá como candidata a vice-presidente Manuela d'Ávila.
A comunista renunciou às suas aspirações presidenciais mediante este acordo.
No entanto, qualquer movimento neste sentido dependerá das decisões do Tribunal Superior Eleitoral, uma vez registada a candidatura de Lula, que o PT anunciou para hoje, último dia do prazo para a entrega das candidaturas para as presidenciais.
Lusa