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Foi o frio que moldou a espécie humana

O clima é o motor da evolução desde que a vida surgiu na Terra há 3,5 milhões de anos, afirma um investigador espanhol que defende que foi o frio que moldou os humanos.

China Stringer Network

Num livro chamado "Homo Climaticus" que lançou em Espanha, José Enrique Campillo indica que as eras glaciares alternadas com aquecimentos globais quase levaram à extinção da vida mas também permitiram "a solução mais versátil e eficaz para a sobrevivência: o cérebro".

"O clima criou o cérebro humano, que é um produto do frio e é a ferramenta que nos permitiu superar a maior parte das adversidades climáticas", disse o autor à agência Efe.

A cultura e a história também foram influenciadas da mesma forma determinante, como no caso em que o frio "foi o único inimigo a que Roma não foi capaz de fazer frente".

O auge do império aconteceu durante uma época de aquecimento global "superior ao atual" e decaiu quando o clima arrefeceu, trazendo a fome e levando as tribos bárbaras do norte a descer para conquistar a península que é hoje Itália, que com os rios congelados, tinham caminho aberto para atravessar a Europa.

Alguns séculos mais à frente, entre 1783 e 1784 o vulcão islandês Laki entrou em erupção e espalhou cinzas e gases tóxicos que atravessaram o Atlântico e chegaram à Europa, "envenenando o ar, aumentado o desastre agrícola e pecuário" que já se verificava.

"A mistura de baixas temperaturas, a fome, o caos civil e a iluminação filosófica" combinaram-se para a Revolução Francesa surgir uns anos mais tarde, em 1789, argumenta o autor.

Campillo sugere que "o homem sobreviveu a alterações climáticas mais severas" do que a que se verifica hoje, considerando que se trata de "um fenómeno natural que está a ser influenciado de forma significativa pelos humanos, algo que acontece pela primeira vez na história do planeta".

As consequências da intervenção humana no clima "são imprevisíveis" e a única coisa de que se pode ter certeza é que "o futuro pertence às bactérias", que sobreviverão à extinção dos seres humanos, "condenados a desaparecer".

Lusa

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