A mensagem foi transmitida pelo escritor chinês exilado Liao Yiwu, numa carta publicada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, na sequência de uma conversa por telefone com Liu.
A viúva, que não foi acusada de qualquer crime, é mantida em prisão domiciliária, desde 2010, quando o marido foi distinguido com o Nobel da paz.
Liu Xia garantiu estar disposta a morrer em sua casa, em protesto: "Não há nada mais natural para mim do que morrer em protesto".
"Não há nada a temer agora. Senão me deixarem sair, morrerei em casa. Xiaobo já se foi, e não há nada neste mundo que reste para mim. Morrer é mais fácil do que viver", afirmou Liu Xia, citada na carta de Liao.
Liu Xiaobo foi condenado, em 2009, a 11 anos de prisão, por subversão, após ter apelado a reformas democráticas na China. Em 13 de julho passado, morreu de cancro, aos 61 anos, num hospital de Liaoning, semanas depois de ter sido colocado em liberdade condicional por motivos de saúde.
Junto com a carta, o escritor Liao, que vive exilado em Berlim, publicou uma gravação de uma conversa telefónica entre ambos, em que Liu Xia explica, a chorar, que não tem mais razões para viver.
"A chanceler alemã Merkel virá em breve. Queremos que muitas organizações e indivíduos escutem a voz de Liu Xia", disse Liao.
Segundo relatos de pessoas próximas de Liu, esta tem tomado medicamentos antidepressivos, desde a morte do marido, dado que a prisão domiciliária a mantém isolada do mundo exterior. Foi vista pela última vez no funeral do marido.
Liu Xiaobo foi o primeiro prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938, num hospital, detido pelos nazis.
Com Lusa