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460 doadores do Daesh identificados só em França, mais 320 na Turquia e no Líbano

As autoridades francesas identificaram um total de 416 doadores que financiaram o grupo extremista Daesh só em França mais 320 na Turquia e no Líbano, indicou hoje o procurador de Paris, François Molins, quando decorre na capital francesa uma conferência sobre o financiamento do terrorismo internacional.

Eric Gaillard

Em declarações à rádio France Info, Molins declarou-se preocupado com um "microfinanciamento do terrorismo", através de somas "pequenas mas numerosas".

Um trabalho de "coordenação com os serviços de informação financeira" permitiu identificar em França aqueles 416 doadores nos últimos dois anos. "O que é muito", comentou Molins.

Os seus serviços também identificaram "320 coletores, a maioria com base na Turquia e no Líbano, através dos quais os 'jihadistas' que se encontravam na Síria ou no Iraque podiam receber os fundos", adiantou o magistrado.

Ao jornal Le Parisien, Molins sublinhou que o Daesh ou autoproclamado Estado Islâmico "financiou-se principalmente" através da "'zakat', a caridade: envia-se dinheiro para associações com fins humanitários ou diretamente a membros da família que estão no local" e da "'ghanima' os despojos de guerra: o financiamento através de atos criminosos".

A justiça conta com vários dossiers sobre pais suspeitos de ter enviado dinheiro para o filho, que combate nas fileiras dos 'jihadistas', e já houve condenações.

O sistema que permite transferir rapidamente dinheiro para um terceiro também foi utilizado para financiar terroristas no Iraque e na Síria. O Banco Postal está a ser alvo desde setembro de um inquérito preliminar do Ministério Público de Paris por suspeita de falta de vigilância nesta matéria.

A decorrer na sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) desde quarta-feira, a conferência de Paris reúne perto de 500 especialistas e 80 ministros de 72 países, para analisar o financiamento do terrorismo internacional, em particular o do Daesh e da Al-Qaida.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, deverá encerrar hoje os trabalhos.

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