Milhares de palestinianos marcharam na sexta-feira em direção à fronteira de Gaza com Israel, mais de 30 mil segundo o exército israelita e cerca de 40 mil de acordo com fontes palestinianas, para defender "o direito de regresso" dos refugiados palestinianos às terras que tiveram de abandonar durante a guerra da independência israelita de 1948 e denunciar o bloqueio rigoroso em vigor contra este enclave palestiniano.
O protesto intitulado "A Grande Marcha do Regresso", convocado pelo movimento radical palestiniano Hamas (que controla a faixa de Gaza desde 2007), degenerou em confrontos com o exército israelita.
Pelo menos 16 palestinianos perderam a vida e cerca de 1.400 pessoas ficaram feridas. A maioria apresentava ferimentos provocados por balas disparadas pelas forças israelitas.
"Se o Hamas pretende continuar assim e transformar a fronteira num lugar de acontecimentos violentos diários até maio, não vamos permitir este jogo de pingue-pongue: eles a cometerem atos terroristas camuflados por protestos e nós a reagirmos. Iremos mais longe para acabar com a violência", disse o porta-voz do exército israelita, em declarações aos jornalistas e citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
Ainda sobre os incidentes de sexta-feira, Ronen Menelis também sublinhou que o exército israelita se limitou a reagir quando os manifestantes tentaram chegar à fronteira.
"A entrada forçada noutro país soberano é algo que nenhum país tolera e nós também não", reforçou.
O brigadeiro-general do exército israelita assegurou também que todas as vítimas mortais estavam a cometer ações violentas durante o protesto.
Novas manifestações são esperadas para este sábado junto da zona fronteiriça.
O Hamas apelou à população de Gaza que mantenha os protestos, nomeadamente com a montagem de um acampamento improvisado junto da fronteira, até 14 de maio, o dia da Nakba (que significa catástrofe), data que os palestinianos associam à criação do Estado de Israel em 1948.
Milhares de pessoas participaram este sábado nos funerais dos manifestantes mortos na sexta-feira, algumas exibindo bandeiras palestinianas e entoando slogans a apelar a atos de vingança.
A ONU afirmou estar atenta aos acontecimentos ocorridos em Gaza, com o secretário-geral da organização, António Guterres, a pedir uma "investigação independente e transparente" dos confrontos.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu-se de urgência na sexta-feira à noite para discutir a violência na Faixa de Gaza, mas não conseguiu acordar uma declaração conjunta.
Lusa