Invasão em Brasília

Jair Bolsonaro condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal

O antigo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. A decisão foi tomada pela Primeira Turma do STF, com quatro dos cinco juízes que compõem o coletivo a votar a favor.

Amanda Perobelli

Mariana Jerónimo

O antigo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi condenado, esta quinta-feira, a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Foi considerado culpado de tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.

O anúncio surge no mesmo dia que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal formou maioria para condenar Jair Bolsonaro por tentativa de abolição violenta do Estado de Direito Democrático, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património.

"As consequências do crime são amplamente desfavoráveis, porque estavam direcionadas a aniquilar os pilares essenciais do Estado democrático de Direito, mediante violência, grave ameaça, ataques sistemáticos ao Poder Judiciário. A consequência maior do crime seria o retorno a uma ditadura no Brasil", justificou o juiz.

Quatro dos cinco juízes que compõem o coletivo de juízes que apoia o Ministério Público considerou que a "organização criminosa" dividiu as tarefas e operou de forma hierárquica sob as ordens de Bolsonaro.

Defendem que só terá fracassado devido à recusa dos comandantes do Exército e da Força Aérea, quando os acusados já tinham tudo pronto para decretar um estado de exceção, intervir na Justiça Eleitoral e manter-se no poder.

A derrota que (quase) terminou em golpe de Estado

Em 2022, Lula da Silva concorreu contra Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do Brasil. A campanha foi marcada por forte polarização, com Bolsonaro e os seus apoiantes a colocarem em causa a fiabilidade do sistema eleitoral, especialmente das urnas eletrónicas.

Após a vitória de Lula, que Bolsonaro recusou reconhecer, seguidores do ex-Presidente começaram a organizar protestos em várias partes do país. Desde o dia seguinte às eleições, surgiram apelos a uma intervenção militar que impedisse a tomada de posse do novo Presidente.

Bolsonaro continuou a alimentar teorias infundadas sobre fraude eleitoral e encorajou manifestações em frente a quartéis, promovendo um ambiente de instabilidade e desconfiança. Também surgiram indícios de que estaria envolvido em planos para se manter no poder, mesmo depois da derrota.

A situação agravou-se a 8 de janeiro de 2023, quando milhares de apoiantes radicais invadiram e destruíram instalações do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, em Brasília. Foi uma tentativa violenta de derrubar Lula da Silva e reverter os resultados das eleições. Um ataque sem precedentes à democracia brasileira.

- Com Lusa / Última atualização às 23:42

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