Na abertura da segunda ronda do Processo de Cabul, um mecanismo de acompanhamento internacional que procura alcançar um plano de paz para o Afeganistão, o chefe de Estado sublinhou que o Executivo está disposto a autorizar aos talibãs a abertura de um gabinete em Cabul.
"Em nome do Governo de Unidade Nacional proponho aos talibãs um plano de paz em que fiquem assegurados os supremos interesses do país e os direitos de participação a todos os cidadãos", disse o Presidente afegão.
O processo de paz proposto por Gani funciona em três fases e propõe criar "um marco político e instaurar um cessar-fogo".
"Os talibãs deverão ser reconhecidos oficialmente como partido político", afirmou.
A proposta prevê a libertação de prisioneiros, relocalização de famílias e acesso aos meios de comunicação. "Devem tomar-se medidas para alcançar a confiança e preparar o caminho para a realização de eleições livres", disse.
Gani disse que o Governo pretende uma paz "real e duradoura" com os talibãs e, por isso, frisa a importância de conversações "sem pré-condições e sem restrições".
O Presidente mostra-se também disposto a apoiar uma revisão constitucional - "caso venha a ser necessário" - mas vincou que a "carta magna é lei" acrescentando que os direitos das mulheres têm de ser respeitados."
Deve conseguir-se apoio internacional para o processo de paz", afirmou. O Presidente do Afeganistão referiu-se também à formação de uma delegação de mulheres e da sociedade civil, no quadro do Alto Conselho para a Paz (organismo governamental).
O Processo de Cabul foi lançado em junho de 2017 como iniciativa do Executivo para chamar os grupos armados à mesa das negociações que devem ser acompanhadas por representantes de 25 países e organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas e a Aliança Atlântica.
O Afeganistão enfrenta atualmente uma das fases mais sangrentas do conflito, desde a saída da missão da NATO, em 2015. Em agosto do ano passado, Donald Trump anunciou o aumento do número de tropas norte-americanas no Afeganistão até aos 14 mil efetivos.
Washington defende também uma postura mais dura em relação ao Paquistão, país que acusa de apoiar os grupos talibãs.
Lusa