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ONU analisa projeto de resolução para cessar-fogo de 30 dias na Síria

Os membros do Conselho de Segurança da ONU estão a analisar um projeto de resolução exigindo um cessar-fogo de 30 dias na Síria para permitir a entrega urgente de ajuda humanitária.

Bassam Khabieh/ Reuters

O texto, apresentado pela Suécia e pelo Kuwait, exige também o fim imediato de todos os cercos, incluindo na Ghouta Oriental, onde uma campanha de bombardeamentos levada a cabo pelas forças governamentais matou mais de 240 civis em cinco dias.

Após uma breve pausa, os bombardeamentos atingiram na sexta-feira várias localidades da vasta região da Ghouta Oriental, próxima de Damasco e onde estão sitiados desde 2013 cerca de 400.000 habitantes, em condições humanitárias dramáticas.

Médicos e equipas de socorro estão assoberbados com o afluxo de vítimas: todos os dias, são dezenas de mortos e feridos, incluindo mulheres e crianças.

Apesar da dimensão da violência, os 15 membros do Conselho de Segurança não chegaram a acordo na quinta-feira sobre um cessar-fogo humanitário reclamado pelas agências da ONU para permitir a entrega de ajuda de emergência.

Os representantes das várias agências especializadas das Nações Unidas presentes em Damasco tinham pedido na terça-feira "o fim imediato das hostilidades durante pelo menos um mês, em toda a Síria".

O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, um dos primeiros representantes a abandonar a reunião do Conselho de Segurança na quinta-feira, afirmou que um cessar-fogo humanitário "não era realista".A Rússia, aliada do regime do Presidente sírio, Bashar, al-Assad, tem repetidamente bloqueado qualquer iniciativa do Conselho de Segurança contra Damasco.

Diplomatas indicaram na sexta-feira à noite que a posição de Moscovo sobre o novo projeto de resolução não era ainda clara, nomeadamente para saber se a Rússia tenciona fazer uso do seu direito de veto para impedir a respetiva adoção.

O texto exige que todas as partes a operar na Síria permitam a retirada de doentes nas 48 horas seguintes à entrada em vigor da trégua humanitária e que as colunas de ajuda da ONU sejam autorizadas a proceder a entregas semanais aos civis necessitados.

É também feito um apelo a todas as partes para "levantarem imediatamente os cercos a zonas povoadas" e a "cessarem de privar os civis de comida e medicamentos indispensáveis à sua sobrevivência".

Responsáveis das Nações Unidas acusaram as autoridades sírias de impedirem, desde janeiro, a passagem de todas as colunas de ajuda humanitária destinada às zonas sitiadas.

Este projeto de resolução expressa "indignação perante o nível inaceitável de violência que está a intensificar-se em diversas regiões do país", em particular na Ghouta Oriental e em Idleb (noroeste).

A Suécia e o Kuwait, dois membros não-permanentes do Conselho de Segurança, estão a liderar os esforços para reagir à crise humanitária na Síria na mais alta instância da ONU.Mais de 13,1 milhões de sírios precisam atualmente de ajuda humanitária, sendo 6,1 milhões deles deslocados dentro do país desde o início da guerra civil, há quase sete anos.

O conflito já fez mais de 340.000 mortos.

Lusa

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