Lavrov declarou que:
"Washington encorajou e continua a encorajar ativamente as aspirações separatistas dos curdos: (...) ou (os norte-americanos) não compreendem a situação ou trata-se de uma provocação com conhecimento de causa."
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo qualificou o projeto de força da coligação internacional de "interferência grosseira nos assuntos internos" da Síria.
A coligação internacional anti-jihadista conduzida por Washington anunciou a semana passada o projeto de formação de uma força fronteiriça no norte da Síria, com 30.000 homens, dos quais metade originários das fileiras das Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança de combatentes curdos e árabes na vanguarda da luta contra o grupo extremista Estado Islâmico.
O anúncio provocou a cólera da Turquia, dado as FDS serem dominadas pelas Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), uma milícia curda considerada por Ancara uma extensão na Síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que combate as autoridades turcas desde 1984.
No sábado, o exército turco lançou uma operação de grandes dimensões sobre o enclave curdo de Afrine, no norte da Síria, que já matou pelo menos 11 civis, entre os quais cinco crianças, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Lavrov disse que Moscovo vê os curdos como uma parte importante das negociações sobre o futuro da Síria, mas apelou a todas as partes no conflito para respeitarem a soberania e integridade territorial da Síria.
O chefe da diplomacia russa anunciou, a propósito, que os curdos foram convidados para participar nas negociações que vão decorrer em Sotchi a partir de 30 de janeiro.
O designado congresso do diálogo nacional sírio, que quer reunir representantes do governo e da oposição para encontrar uma solução pacífica para o conflito, é uma iniciativa da Rússia e do Irão, aliados do regime de Damasco, assim como da Turquia, que apoia alguns dos rebeldes.
Quem são os curdos?
Os curdos são um grupo étnico do Médio Oriente, sem Estado, com cerca de 30 milhões de indivíduos no mundo. A maioria vive na Turquia, no chamado Curdistão turco. Os restantes vivem no Iraque, Síria e Irão.
Com Lusa