Os manifestantes são militantes de grupos sociais como o Movimento Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de partidos políticos de esquerda que marcharam hoje pelas ruas do centro de Porto Alegre até uma praça onde foram autorizados a acampar enquanto aguardam o julgamento.
Na próxima quarta-feira, a oitava câmara do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4) decidirá se mantém ou revoga a sentença de nove anos e meio de prisão imposta pela prática dos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais contra o ex-presidente num caso relacionado aos esquemas de corrupção na Petrobras.
O julgamento é apresentado como decisivo porque, no caso de ratificar ou mesmo aumentar a moldura penal, Lula da Silva, fica impedido de participar das eleições que acontecem no país em outubro.
Além disso, a legislação brasileira estabelece que um condenado em segunda instância pode ser preso e Lula da Silva corre o risco ficar detido quando os recursos judiciais a que tem direito se esgotarem.
O ex-presidente ainda não confirmou a presença no tribunal (não é obrigado a tal), mas o julgamento atraiu apoiantes para Porto Alegre, convocados por partidos de esquerda, movimentos sociais e sindicatos.
Chegando em caravanas de diferentes cidades do Brasil, os manifestantes marcharam hoje cerca de oito quilómetros pelas ruas do centro de Porto Alegre até o local onde foram autorizados a acampar.
"A burguesia controla o Congresso, a Justiça e a televisão, então o povo brasileiro só tem as ruas para expressar nossas ideias", disse João Pedro Stédile, líder do MST.
"Não estamos interessados em ser radicais, só queremos acampar porque não temos dinheiro para pagar um hotel", acrescentou o líder dos camponeses, negando que a organização pretenda promover protestos violentos durante o julgamento.
Em dezembro passado, antes da radicalização dos discursos dos líderes do Partido dos Trabalhadores (PT) antevendo uma possível sentença negativa para Lula da Silva, as autoridades de Porto Alegre solicitaram reforços do Exército para garantir a segurança durante o julgamento.
O pedido foi recusado e o prefeito da cidade solicitou à Justiça que determinasse um lugar para que os manifestantes pudessem se concentrar não muito perto do tribunal para evitar possíveis distúrbios.
"Estamos nas ruas para mostrar que ninguém pode ser condenado sem provas e reiteramos que eleições sem Lula [da Silva] são uma fraude", disse Claudir Nespolo, presidente regional da CUT no estado do Rio Grande do Sul.
Na marcha também estavam presentes a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, o senador Lindbergh Farias, o ex-governador Olivio Dutra e o ex-ministro Miguel Rossetto, todos colaboradores próximos do Governo de Lula da Silva durante o período de 2003-2010, bem como sindicalistas de países vizinhos, como Argentina, Paraguai e Uruguai.
Lusa