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Parlamento aprova resolução para bloquear Assembleia Constituinte

O parlamento da Venezuela, onde a oposição é maioritária, aprovou esta terça-feira uma resolução em que afirma não reconhecer os resultados das eleições de domingo e todos os atos que venham a ser gerados pela nova Assembleia Constituinte.

A aprovação teve lugar durante uma sessão ordinária, que teve, entre os assistentes, vários representantes do corpo diplomático acreditado no país, nomeadamente os embaixadores de Espanha, Inglaterra, França e México.

Durante a sessão o deputado do partido Ação Democrática, Henry Ramos Allup, em representação da aliança da oposição Mesa de Unidade Democrática, insistiu que o resultado das eleições de domingo foi "uma fraude".

"Temos que ver o que faremos com um governo que é uma ditadura (...) as ditaduras não se enfrentam com meios equivalentes porque nós não queremos uma guerra civil (...) há regimes autocráticos que terminaram após processos eleitorais", disse.

Por outro lado, explicou que a oposição "tem que lutar com constância e firmeza, pelo exercício dos seus direitos".

"Que os venezuelanos saibam que as ditaduras não saem com tiros, saem com votos", disse citando como exemplo situações ocorridas no Chile, Paraguai e no Brasil.

Entretanto, em declarações aos jornalistas, o presidente do Parlamento, Júlio Borges vincou que os venezuelanos enfrentam neste momento "a maior luta que tenha ocorrido nos países da América Latina" e que "há 40 países que não reconhecem a Constituinte, incluindo toda a Europa e a América Latina".

Durante a sessão houve várias intervenções contra o Presidente Nicolás Maduro, entre elas a do deputado Ezequiel Pérez Roa, que acusou o regime de "genocida" e responsabilizou o Governo pela morte de 13 cidadãos no domingo, durante a repressão policial a manifestantes que recusavam a eleição da "ilegal e inconstitucional" Assembleia Constituinte.

"Jovens desarmados foram assassinados de forma vil pelas forças de segurança do Estado. Não eram criminosos, como alegam as autoridades, eram mártires que aspiravam a um país melhor e saíram às ruas para expressar pacificamente o seu descontento e condenação", disse.

Segundo o parlamentar além dos mortos e feridos, no último domingo, ocorreram rusgas ilegais e destruição de propriedades privadas.

Para quarta-feira está prevista a posse da Assembleia Constituinte, que deverá funcionar no Palácio Federal Legislativo, onde atualmente funciona o parlamento, que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do regime) já ameaçou destituir.

Lusa

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