A ONG destacou num relatório, divulgado hoje, que as forças da ordem francesas lançam gás pimenta sobre os imigrantes, tanto crianças como adultos, enquanto dormem ou noutras circunstâncias em que não constituem ameaça.
"A polícia também aplica [gás pimenta] ou confisca os sacos-cama, as mantas e a roupa, e até esguicha o spray sobre a comida e a água, aparentemente para os forçar a abandonar a zona. Estes atos violam a proibição de tratos desumanos e degradantes e padrões de conduta policial internacionais", salienta o texto.
O relatório da HRW baseia-se em entrevistas a mais de 60 requerentes de asilo e imigrantes em Calais e Dunquerque, incluindo 31 menores não acompanhados, feitas este mês e em junho.
A HRW também se reuniu com representantes da delegação local do Executivo francês, do Ministério da Administração Interna francês e com associações humanitárias que operam na zona, onde em outubro de 2016 foi desmantelada a chamada "Selva" de Calais, um acampamento no qual se concentravam milhares de imigrantes.
A ONG denunciou que cerca de 400 requerentes de asilo e outros migrantes, a maioria da Eritreia, Etiópia e Afeganistão, vivem agora nas ruas da cidade e nas zonas florestais próximas, dos quais cerca de 200 são menores não acompanhados.
A estes somam-se, segundo os cálculos da HRW, pelo menos outros 300 adultos e crianças instalados em acampamentos de imigrantes e nos arredores de Dunquerque e Grand Synthe, no Leste de Calais.
A HRW critica a resposta das autoridades francesas a esta crescente chegada de migrantes.
Segundo a organização, a resposta das autoridades tem sido impedir o acesso dos migrantes a comida, a água e a cuidados básicos.
Também acusou a polícia de ter impedido - em várias ocasiões - que os trabalhadores humanitários fotografassem ou filmassem estes episódios.
A ONG pede ao Ministério da Administração Interna que elimine os obstáculos à proteção dos refugiados, garanta que os menores têm acesso aos serviços de proteção e dê indicações que os abusos policiais não serão tolerados.
A autarquia de Pas de Calais, por seu lado, lamentou as acusações, sublinhou que os agentes atuam no quadro das normas do Estado de Direito, "com o objetivo único de fazer respeitar a ordem e a segurança públicas", e assegurou que as pessoas vulneráveis estão a receber atenção especial.
Lusa