Da controversa aproximação do ex-primeiro-ministro socialista Manuel Valls à maioria presidencial de Macron, da retirada polícia de Marion Marechal-Le Pen, estrela em ascensão da extrema-direita francesa, aos rumores da nomeação de um primeiro-ministro de direita: o tabuleiro de xadrez da política francesa reorganiza-se e as táticas são reelaboradas para as legislativas de 11 e 18 de junho.
Eliminados logo na primeira volta das Presidenciais - facto nunca visto em 60 anos - tanto a direita (partido Os Republicanos) como o PS esperam uma vingança na "3ª volta" - as legislativas.
O PS, sob a liderança do primeiro-ministro cessante Bernard Cazeneuve, exaspera com a morte iminente desta família política em França. O ex-candidato socialista às Presidenciais, Benoît Hamon (6,4% na 1ª volta), anunciou já que vai criar um novo movimento "abrangente" e "transpartidário" para "reconstruir a esquerda".
Os Republicanos esperam impôr a Emmanuel Macron a coabitação com um governo de direita. Circulam já nomes de filiados para a chefia do Governo como o autarca Edouard Philippe.
O movimento centrista que levou Macron ao poder, rebatizado "A República em marcha" que diz não ser "nem de direita nem de esquerda", anunciará muito em breve os nomes dos seus 577 candidatos às legislativas.
Um nome entretanto veio a público - Manuel Valls, personalidade controversa da política francesas, está a ser olhado com alguma desconfiança dentro do movimento.
Extrema-esquerda e extrema-direita não escapam ao "sismo"
Nos extremos estão a Frente Nacional (FN) da candidata de extrema-direita Marine Le Pen que obteve quase 34% dos votos, e a esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon (19,5% dos votos na 1ª volta das Presidenciais).
Dececionada com a derrota das sua candidata, a FN deverá analisar as causas e definir a linha a seguir para as legislativas. Foi neste contexto que Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha da líder da extrema-direita francesa e uma das duas deputadas da Frente Nacional na Assembleia Nacional, anunciou esta quarta-feira a sua retirada da política.
Um golpe para a extrema-direita uma vez que Marion é considerada uma "estrela em ascensão" na FN e uma das figuras mais importantes do partido no sudeste de França.
Quanto ao tribuno da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon anunciou esta quarta-feira a sua candidatura às legislativas, decidido a capitalizar os 19,58% obtidos na 1ª volta das Presidenciais e dar nova dinâmica ao seu movimento "A França Insubmissa".
O líder do Partido comunista, Pierre Laurent, denunciou já a recusa de Mélenchon de fazer acordos para as eleições.