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Ministro das Finanças alemão fala em risco de ditadura na Turquia

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, com um peso decisivo no executivo de Angela Merkel, invocou esta terça-feira o risco de uma ditadura na Turquia em caso de vitória do "sim" no referendo sobre o reforço dos poderes presidenciais.

© JAMES LAWLER DUGGAN / Reuters

Questionado no decurso de um debate organizado pela revista semanal Der Spiegel sobre a eventualidade de o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan instaurar no seu país "uma autocracia, mesmo uma ditadura" através desta reforma constitucional, Schäuble respondeu: "Podemos com efeito interpretar dessa forma este projeto de Constituição".

"E quando observamos a sua evolução nos últimos anos, podemos decerto encontrar numerosas razões e analisar" sobre o que se passou, "mas de facto são sinais preocupantes", acrescentou.

Os turcos estão convocados para votar no domingo sobre uma controversa reforma constitucional que reforçará consideravelmente os poderes do Presidente Recep Tayyip Erdogan.

Os analistas preveem um resultado muito equilibrado, apesar de um evidente domínio da campanha pelo "sim" nos media turcos.

Schäuble, membro do partido conservador da chanceler alemã Angela Merkel, indicou ter-se reunido com numerosos turcos que receiam represálias caso exprimam publicamente críticas face ao regime de Ancara.

"Mas como me referiu um deles, 'sabes, no final a Turquia sobreviverá a Erdogan', o que me deu um pouco de esperança", acrescentou o ministro das Finanças.

A campanha sobre o referendo já implicou um contencioso entre Ancara e Berlim.

O chefe de Estado turco e o seu partido islamita-conservador AKP acusaram por diversas vezes a Alemanha e a própria chanceler de práticas "nazis" após a proibição de reuniões eleitorais com ministros do seu Governo ou líderes do movimento na Alemanha, onde habita a mais importante diáspora turca do mundo.

A Alemanha tem ainda acusado com frequência a Turquia de violar as regras do Estado de direito no âmbito da repressão que se intensificou após a tentativa de golpe de estado de 15 de julho.

Lusa

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