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Investigadoras britânicas propõem nova forma de luta contra Alzheimer

O reforço de uma proteína que protege as células pode retardar a progressão da doença de Alzheimer, segundo um estudo divulgado esta quinta-feira por duas investigadoras da "University College" do Reino Unido.

© Dylan Martinez / Reuters

Fiona Kerr e Linda Partridge usaram experiências com ratos e com moscas da fruta para demonstrarem que o bloqueio de um inibidor da proteína protegeu os neurónios dos animais do desenvolvimento dos sintomas da doença. O estudo, publicado hoje na revista científica "PLOS Genetics" mostrou que o inibidor "Keap1", que bloqueia a proteína protetora "Nrf2", é um alvo promissor para medicamentos contra o Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas.

A doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência e que provoca a deterioração de funções cognitivas, pode ter a progressão retardada com medicamentos mas até agora não há forma de prevenir o desenvolvimento ou parar a sua progressão.

A proteína "Nrf2" protege as células do cérebro de condições adversas mas por razões desconhecidas os seus níveis decrescem nos neurónios de pessoas afetadas por Alzheimer. Tentativas de ativar a "Nrf2" provocaram efeitos tóxicos. Os cientistas têm usado as moscas da fruta para investigar o "Keap1", um inibidor da "Nrf2".

Segundo o estudo publicado esta quinta-feira, bloqueando a interação entre o "Keap1" e a "Nrf2" nos cérebros das moscas podia prevenir-se os efeitos prejudiciais da proteína chamada peptídeo beta-amiloide, que cria as placas no cérebro características dos doentes de Alzheimer. O mesmo resultado foi conseguido nas células de ratos.

O estudo demonstra que reforçando a "Nrf2", ao bloquear o seu inibidor (Keap1), pode proteger-se os neurónios dos ratos dos efeitos do Alzheimer causados pelo peptídeo.

"Com o envelhecimento da nossa população a incidência da demência está a aumentar drasticamente e há a necessidade urgente de descobrir novos medicamentos que protejam as células nervosas e parem a progressão da doença", disse Fiona Kerr.

"As nossas descobertas são importantes porque ao bloquear o "Keap1" e ao aumentar a atividade da proteína "Nrf2", protetora das células, há o potencial de prevenir esta perda de células nervosas na doença de Alzheimer e em outras formas de demência", sublinhou a investigadora.

Lusa

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