Um responsável do governo nigeriano disse à Associated Press que o ataque aéreo (um erro do piloto nigeriano) contra o campo em Rann matou mais de 100 pessoas (entre refugiados e funcionários das organizações humanitárias), um número muito superior às 52 vítimas mortais confirmadas terça-feira pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF).
A MSF - que opera no campo de refugiados de Rann (estado do Borno) - também deu conta de 120 feridos. Seis funcionários da Cruz Vermelha nigeriana morreram no ataque.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha afirmou esta quarta-feira que o novo balanço das vítimas dá conta de 70 mortos e mais de uma centena de feridos.
Também indicou que 46 feridos "muito graves" continuam no campo, à espera de serem retirados para tratamento médico.
O ataque ocorreu às 09:00 locais (08:00 em Lisboa) de terça-feira, quando um avião da força aérea nigeriana bombardeou por erro um campo de refugiados de Rann, no nordeste da Nigéria.
O estado do Borno é o epicentro da insurreição armada dos islamitas do grupo Boko Haram. O ataque aconteceu quando os trabalhadores humanitários distribuíam alimentos aos refugiados.
"Nas últimas semanas, o Boko Haram deslocou a sua base de operações da floresta de Sambisa para Kala e um avião militar confundiu Rann com Kala", disse à AFP um habitante local.
A organização Human Rights Watch (HRW) apelou ao governo nigeriano para que compense as vítimas dos bombardeamentos.
O investigador Mausi Segun, da HRW, sustentou que o bombardeamento pode não ter sido intencional - o que constituiria um crime de guerra - mas foi "um bombardeamento indiscriminado, em violação da lei humanitária internacional".
De acordo com Segun, mesmo que se diga que o ataque foi acidental isso não significa que as vítimas não têm direito a uma reparação.
As autoridades do Estado do Borno puseram em marcha um "plano de urgência médica", colocando em estado de alerta hospitais públicos, médicos e ambulâncias em Maidiguri, a maior cidade da região.
A Cruz Vermelha internacional enviou um helicóptero para retirar as vítimas do campo de Rann para Maiduguri. Já a MSF ficou encarregada de coordenar a resposta médica, indicou Isa Gusau, porta-voz do governo do estado.
Rann alberga 43 mil deslocados, muitos "severamente subnutridos".
Lusa