"Pelo caminho que vai [o parlamento], está rumo à auto dissolução e à convocatória de novas eleições para a Assembleia Nacional", disse.
Nicolás Maduro falava em Caracas, durante uma cerimónia com vários dos seus ministros, que teve lugar no Quartel da Montanha, transmitida em direito e de forma obrigatórias pelas rádios e televisões do país, durante o qual fez referência à a uma nova direção do parlamento, prevista para quinta-feira.
O Presidente explicou que, no âmbito do processo de diálogo entre o Governo e a oposição, representantes da aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) assinaram um documento a comprometer-se a acatar as decisões do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que declarou recentemente que o parlamento estava "em desobediência".
O chefe de Estado disse ainda que Júlio Borges, do partido opositor Primeiro Justiça, que quinta-feira assumirá o cargo de presidente do parlamento "se comprometeu" com ele "a acatar as decisões do STJ e a participar nas iniciativas de diálogo social, económico e político" que o seu Governo prepara.
"Espero que cumpra com a sua palavra", declarou Maduro, vincando que não confia em todos os representantes da MUD.
A 27 de dezembro último, a Organização de Estados Americanos (OEA) apelou ao Governo da Venezuela respeite a nova direção do parlamento.
"Qualquer interferência na eleição das autoridades da Assembleia Nacional (AN) por parte do poder executivo ou do poder judicial implica o desconhecimento absoluto dos princípios essenciais da democracia, que são a separação e independência de poderes", defende a OEA, num comunicado.
Esta posição da organização regional surgiu quando o parlamento venezuelano se preparava para mudar a sua presidência rotativa, que a 05 de janeiro de 2017 deverá passar de Ramos Allup, do partido Ação Democrática, para Júlio Borges, do partido Primeiro Justiça.
Segundo a OEA, uma possível interferência no funcionamento do parlamento, onde a oposição detém a maioria, representaria também "deixar de lado a legitimidade que o povo da Venezuela deu à AN e dar um passo mais na consolidação de um regime autoritário".
A oposição venezuelana tem denunciado que o Governo pretende levantar a imunidade parlamentar dos deputados da oposição e usar o poder judicial para impor um presidente afeto ao regime, estando a ponderar dissolver aquele órgão de soberania.
A 18 de dezembro último, o próprio Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu aos seus simpatizantes, durante uma manifestação em Caracas, que empreendessem ações contra o parlamento, que definiu como "nefasto e inepto", vaticinando que teria pouco tempo de existência.
Lusa