No Qatar, outro país do Golfo Pérsico, o sheikh Tamim bin Hamad al-Thani decidiu cancelar os festejos previstos no âmbito da festa nacional, assinalada no domingo, "em solidariedade" com os habitantes de Alepo confrontados "com as piores formas de repressão, tortura, deslocamento e de genocídio".
Por seu lado, a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) pediu a constituição de uma "comissão de inquérito independente" sobre "a campanha de exterminação de civis" na cidade síria de Alepo, já apelidada como cidade mártir.
Também indicou que a reunião ministerial da organização, prevista para 22 de dezembro, irá abordar a situação "trágica" na Síria.
Esta organização com 57 membros tem sede na cidade saudita de Jeddah.
Na capital do Kuwait, os manifestantes concentrados de forma pacífica em frente à representação diplomática russa pediram, entre outras frases de ordem, o "fim dos crimes" e a salvação de Alepo.
Vários intervenientes falaram para denunciar o Presidente russo, Vladimir Putin, como "um criminoso" e para reclamar a expulsão dos embaixadores russos nas monarquias do Golfo Pérsico e na Turquia.
Também condenaram o Irão e as milícias xiitas, que combatem ao lado do exército sírio, acusando-os de abrir fogo indiscriminado contra os civis de Alepo.
"Apelamos à Turquia e aos Estados do Golfo para enviarem de volta os embaixadores russos e a cortarem as relações diplomáticas com Moscovo", afirmou o deputado islâmico Jamaan al-Harbash.
Um outro deputado, Thamer al-Suwait, qualificou como "genocídio" a campanha militar em curso na Síria, enquanto o antigo parlamentar Ahmad al-Shuhumi denunciou uma "guerra suja confessional travada pelo Irão contra os muçulmanos sunitas".
Gritando a frase "o povo quer a expulsão dos embaixadores" russos, a multidão desfilou junto do muro da representação diplomática de Moscovo, antes de dispersar de forma pacífica, sob o olhar da polícia.
O parlamento do Kuwait agendou para 28 de dezembro uma sessão parlamentar sobre a situação em Alepo, anunciou hoje o presidente daquele órgão representativo, Marzouk al-Ghanem.
Organizações humanitárias do Kuwait e a representação do Crescente Vermelho (organização federada com a Cruz Vermelha) no emirado lançaram uma campanha de recolha de fundos a favor das vítimas da guerra em Alepo.
O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, anunciou na terça-feira que o Exército sírio tinha cessado as suas operações em Alepo e que tinha sido alcançado um acordo para a saída de civis e dos combatentes opositores daquela cidade.
O acordo de evacuação permitiria retirar milhares de civis e rebeldes dos últimos redutos controlados pela oposição, bairros que estiveram cercados pelo exército durante mais de quatro meses e onde falta de tudo.
No entanto, após uma pausa de várias horas, recomeçaram os bombardeamentos contra esses bairros, disseram várias fontes, incluindo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
As forças governamentais sírias, apoiadas pelas forças aliadas russas, lançaram há três semanas uma ofensiva para recuperar a zona leste de Alepo, um bastião rebelde desde 2012.
Dos 275.000 civis que se estimava viverem em Alepo (a segunda maior cidade síria) quando foi lançada a ofensiva, cerca de 70.000 fugiu nos últimos dias, na sua maioria para centros de deslocados montados pelo governo na parte oeste da cidade.
Esta semana surgiram relatos que as forças pró-sírias tinham executado dezenas de civis naquela cidade devastada por combates. Os relatos levaram à realização na terça-feira, a pedido de França e do Reino Unido, de uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Lusa