Contactado pela Lusa, o diretor nacional dos Serviços Prisionais angolanos, António Fortunato, explicou que Luaty Beirão está a ser acompanhado por elementos dos serviços médicos prisionais, além da equipa médica da clínica privada de Luanda onde está internado, sob detenção, desde 15 de outubro.
"Estamos a tratar disso. Ainda não estamos em condições de dar esse tipo de informação", disse ainda António Furtado, questionado pela Lusa e garantindo que Luaty Beirão apresenta agora um quadro "estável" e em recuperação.
O músico e ativista, que também tem nacionalidade portuguesa, é um dos 15 angolanos em prisão preventiva desde junho, sob acusação de atos preparatórios para uma rebelião em Angola e um atentado contra o Presidente da República.
A greve de fome de Luaty Beirão, cujo fim foi anunciado na terça-feira, visou protestar contra o alegado excesso de prisão preventiva e exigindo aguardar julgamento em liberdade, conforme prevê a lei angolana para este tipo de crime.
Os restantes 14 aguardam julgamento - agendado para entre 16 e 20 de novembro - no hospital-prisão de São Paulo, em Luanda, tendo Luaty Beirão pedido anteriormente para sair da clínica privada onde se encontra por precaução para se juntar aos colegas, em solidariedade.
Durante a greve de fome, Luaty Beirão perdeu 23 quilogramas e como explicou à Lusa a mulher, Mónica Almeida, ainda apresenta um quadro clínico de alguma preocupação, tendo iniciado um processo de realimentação, durante alguns dias, com base em líquidos.
"Todos os minutos pesavam e pensávamos que pudesse acontecer o pior. Agora estamos bastante mais aliviados, sim", confessou Mónica Almeida, em declarações à Lusa na terça-feira, apesar de ainda estar apreensiva com o peso perdido pelo marido em 36 dias de greve de fome.
O 'rapper' e ativista luso-angolano terminou a greve de fome de protesto, mas avisou que não vai desistir de lutar.
"Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardamos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça", afirma Luaty Beirão, na carta enviada pela família à Lusa na terça-feira, anunciando o fim da greve de fome.
"À sociedade: Não vou desistir de lutar, nem abandonar os meus companheiros e todas as pessoas que manifestaram tanto amor e que me encheram o coração. Muito obrigado. Espero que a sociedade civil nacional e internacional e todo este apoio dos media não pare", escreve Luaty Beirão na mesma declaração, sob o título "Carta aos meus companheiros de prisão".
Lusa