"Petrobras dá-me o meu dinheiro. Eu trabalhei", era uma das mensagens que se lia nas bandeiras dos manifestantes, segundo relatou a agência de notícias francesa (AFP).
Os manifestantes exigem que seja retomada a construção do complexo da refinaria de petróleo Comperj, que se estende por 45 quilómetros quadrados em Itaboraí, a cerca de 40 quilómetros do Rio de Janeiro.
A interrupção dos trabalhos, devido à falta de dinheiro após o escândalo de corrupção que afetou a companhia, levou a uma queda de 50% no lucro de quinze municípios da região, de acordo com os números avançados pelos perfeitos dessas cidades.
A Petrobras, que perdeu mais de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,72 mil milhões de euros) devido ao esquema de corrupção que a atingiu, apelidado de Petrolão, que está sob a investigação das autoridades brasileiras, anunciou que vai concluir os trabalhos de construção da refinaria, completados em 85%, caso encontre novas parcerias para o efeito.
"Estou aqui para defender a minha cidade, Itaboraí, que deixou de oferecer oportunidades de trabalho após o fim dos trabalhos para o Comperj. Muitos dos meus amigos e vizinhos estão desempregados", afirmou à AFP Maria José da Silva, aposentada de 60 anos.
Várias empresas contratadas para a construção da refinaria são suspeitas de fazer parte do cartel que pagou subornos a diretores da Petrobras para ganhar contratos que eram sobrefaturados.
Uma parte das comissões pagas aos parlamentares envolvidos no esquema de corrupção atingiu a coligação de esquerda no poder no Brasil.
Este escândalo obrigou a Petrobras a reduzir os seus investimentos e a bloquear os contratos de algumas empresas acusadas de pertencerem à rede de corrupção. E vários empresários do setor da construção foram detidos.
A Petrobras revelou que no complexo de Comperj trabalham agora 11.500 pessoas, longe das 35.000 que trabalhavam em 2013.
A taxa de crescimento do Brasil, a sétima maior economia do mundo, é baixa há quatro anos consecutivos e o seu Produto Interno Bruto (PIB) deverá cair este ano, escreveu a AFP.
Lusa