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Papa ordena aos bispos que nunca escondam escândalos de pedofilia

O Papa Francisco exigiu hoje aos bispos e responsáveis católicos que nunca escondam os escândalos de pedofilia na Igreja.

© Tony Gentile / Reuters
"Não se pode dar prioridade a qualquer tipo de considerações, sejam de que natureza forem, como por exemplo a vontade de evitar o escândalo, porque não há qualquer lugar, no ministério da Igreja, para quem abusa de menores", insistiu o Papa, numa carta publicada na véspera da primeira reunião, no Vaticano, da comissão de peritos para a proteção de menores. 

O papa acrescentou que "as famílias devem saber que a Igreja não se poupa a qualquer esforço para proteger as crianças e que elas têm o direito de estar na Igreja com total confiança, porque é uma casa segura".

Francisco pediu às instâncias locais para "reverem regularmente" os procedimentos para estes casos. Os procedimentos foram instaurados desde 2011, depois de uma circular enviada durante o pontificado de Bento XVI. 

A carta de Francisco foi enviada na segunda-feira a todos os presidentes de conferências episcopais e aos superiores de comunidades religiosas, na véspera da primeira reunião, no Vaticano, da Comissão Pontifícia de proteção de menores, criada pelo papa em 2013. 

"A Comissão vai ser um novo, válido e eficaz instrumento para ajudar a promover e pôr em prática as medidas necessárias para garantir a proteção de menores e adultos vulneráveis, e dar respostas de justiça e misericórdia", escreveu o papa. 

Finalizada em dezembro, com oito novos membros oriundos de África, da América Latina e da Ásia, a comissão é presidida pelo cardeal norte-americano Sean O'Malley e conta com 17 membros (nove homens e sete mulheres), incluindo duas antigas vítimas, o britânico Peter Saunders e a irlandesa Marie Collins.

A comissão, cuja reunião começa na sexta-feira e se prolonga até domingo, vai começar por redigir os seus estatutos. A prevenção, a educação e a aplicação de "boas práticas" em toda a Igreja vão ser as áreas de atuação. 

A imagem da Igreja Católica sofreu duramente, nos últimos 20 anos, com a revelação de que milhares de crianças e adolescentes foram vítimas de abusos sexuais cometidos por padres, sobretudo na Irlanda e nos Estados Unidos, entre os anos 1960 e 1990. 

Apesar das recentes medidas do Vaticano, as associações de antigas vítimas, como a rede norte-americana SNAP, continuam a criticar o papa e a Santa Sé, especialmente por continuar a ser mantida a confidencialidade dos inquéritos internos.
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