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Hillary Clinton afasta-se de Obama na política externa e critica estratégia na Síria 

A ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton distanciou-se pela primeira vez abertamente da política  externa do Presidente Obama, defendendo que este devia ter ajudado os rebeldes  sírios para deter o grupo terrorista Estado Islâmico que agora ataca o Iraque.

Numa entrevista hoje publicada na revista The Atlantic, Clinton demarca-se  da posição do Governo de Barack Obama no Médio Oriente e insiste em que,  quando ocupava o cargo de secretária de Estado, defendeu uma alteração na  estratégia. 

A ex-primeira-dama democrata atribui o aumento da influência dos jihadistas  na Síria ao "fracasso da Casa Branca" em fazer mais para apoiar outros rebeldes  que combateram o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, desde 2011.

"O fracasso em ajudar a construir uma força de combate credível com  as pessoas que protagonizaram os protestos contra Assad -- havia islamitas,  havia laicos, havia de tudo -, o facto de não ter feito isso deixou um grande  vazio, que os 'jihadistas' agora preencheram", afirma Clinton na entrevista.

Os terroristas do Estado Islâmico começaram a fazer avanços substanciais  na Síria no ano passado e, desde então, ocuparam posições no norte do Iraque,  onde agora os Estados Unidos levam a cabo ataques aéreos seletivos para  reduzir as agressões dos jihadistas à população. 

Hillary Clinton reitera que, como secretária de Estado, advogou que  se fizesse mais para apoiar "um núcleo" dos combatentes do Exército Livre  da Síria que se opõem a Assad, o que teria potencialmente ajudado a derrubar  o líder sírio. 

"Se tivéssemos apoiado, treinado e equipado logo um núcleo do Exército  Livre da Síria, teríamos, em primeiro lugar, uma melhor ideia do que se  estava a passar no terreno e, em segundo, teria sido útil para formar uma  oposição política credível", argumentou. 

Segundo a ex-chefe da diplomacia norte-americana, esta estratégia teria  ajudado a criar uma tal oposição, difícil de construir devido às constantes  divergências entre os sírios exilados e a oposição que ainda se encontra  no país. 

Clinton também se distancia da posição da Administração Obama nas negociações  sobre o programa nuclear do Irão e o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia,  China, França, Reino Unido e Alemanha) e opta por uma posição mais radical.

"Sempre estive entre aqueles que sustentam que  1/8os iranianos 3/8 não têm  direito ao enriquecimento  1/8do urânio 3/8. Ao contrário do que reclamam, não  existe tal direito. Isto é absolutamente infundado, não existe tal direito",  sublinhou a possível candidata à Presidência dos Estados Unidos em 2016.

A ex-secretária de Estado do primeiro mandato de Obama critica assim  duramente o lema que o Presidente norte-americano utilizou recentemente  para articular a sua doutrina de política externa: "Não fazer estupidezes".

Na sua opinião, "as grandes nações têm de organizar os seus princípios  e 'não fazer estupidezes' não é um princípio de organização". 

 

Lusa

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