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Exército de Kiev apela aos civis para abandonarem zonas rebeldes

O exército ucraniano apelou hoje aos civis para abandonarem as zonas controladas pelos separatistas pró-russos, quando aperta o cerco ao bastião de Donetsk, uma cidade do leste da Ucrânia com um milhão de habitantes antes do conflito.

"Apelamos à população pacífica para abandonar as zonas ocupadas pelos  terroristas", que "pilham a população local, efetuam sequestros, confiscam  edifícios e viaturas privadas", declarou aos 'media' o porta-voz militar  Andrii Lyssenko.  

Em Donetsk, o estado-maior ucraniano pediu aos separatistas para respeitarem  o cessar-fogo em torno de determinadas zonas para permitir a saída dos civis.

Nos últimos dias os combates intensificaram-se em torno da maior cidade  da região produtora de carvão de Donbass. O exército de Kiev reivindicou  a recuperação de mais de 600 localidades em quatro meses de ofensiva e hoje  garantiu um novo avanço com a conquista de Iassynouvata, 20 quilómetros  a norte de Donetsk.  

Segundo a câmara municipal, durante a tarde decorriam intensos combates  em Mariinka, na periferia sudoeste da cidade.  

Kiev garante que a sua estratégia consiste em isolar as forças rebeldes  em Donetsk e Lugansk para as afastar da fronteira russa, mas a aproximação  das tropas fiéis ao governo central poderá significar que se aproxima um  ataque, com o risco de combates particularmente mortíferos.  

Um porta-voz militar limitou-se a confirmar "preparativos em curso",  sem confirmar a iminência de um assalto à capital do Donbass.   

Em Lugansk, o outro bastião separatista do leste, a câmara municipal alertou no fim de semana para uma possível catástrofe humanitária e reconheceu  a incapacidade de fornecer novos balanços, devido ao corte da eletricidade  e das comunicações telefónicas.  

Segundo estimativas da ONU, desde o início da ofensiva ucraniana, há  cerca de quatro meses, mais de 1.100 pessoas, incluindo centenas de civis,  foram mortas. O número não inclui as 298 vítimas da queda do voo das linhas  aéreas malaias MH17, que implicou a imposição de sanções ocidentais sem  precedentes contra Moscovo.  

Donetsk e Lugansk "são cidades decisivas hoje ocupadas pelos terroristas,  onde se concentra a maioria dos terroristas e das armas, e sabemos que não  será fácil libertá-las", reconheceu o ministro ucraniano da Defesa, Valéri  Guelete.  

"Terroristas" é o termo utilizado pelas autoridades de Kiev para designar os separatistas armados.  

Hoje, Moscovo declarou que 438 soldados ucranianos destacados no leste  se renderam e foram acolhidos no seu território. Em Kiev, o porta-voz militar  apenas confirmou parcialmente a informação, ao indicar que 311 soldados  foram "forçados a refugiar-se" num posto fronteiriço russo devido aos combates.

Em paralelo, a Rússia decidiu desencadear novas manobras militares que  envolvem mais de 100 aviões de combate perto da fronteira ucraniana.  

Quanto à NATO, que nos últimos meses tem procedido a manobras militares  em países vizinhos da Rússia, voltou a criticar no fim de semana o que designa  por "agressão russa" na Ucrânia e anunciou "novos planos de defesa".  

As tensões internacionais conheceram um súbito agravamento após a queda  em 17 de julho do Boeing das linhas aéreas da Malásia, com 298 pessoas a  bordo e supostamente abatido por um míssil.  

Lusa

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