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Conselho de Estado francês manda deixar morrer paciente em estado vegetativo

O Conselho de Estado francês, mais importante  instância administrativa do país, ordenou hoje a retirada dos cuidados paliativos  a Vincent Lambert, um paciente em estado vegetativo há seis anos que fez  aumentar o debate sobre a eutanásia.  

A decisão põe fim a uma batalha jurídica mantida desde 2013 entre a  mulher de Lambert, Rachel, defensora da eutanásia para o marido e que contava  com o apoio dos médicos, contra os pais do paciente, católicos, que se opõem  à retirada da alimentação e hidratação que o mantém vivo. 

Na expectativa de que o Conselho de Estado se pronunciasse contra os  seus interesses, os pais de Lambert já tinham recorrido ao Tribunal Europeu  dos Direitos Humanos de Estrasburgo, para pedir a suspensão cautelar da  sentença.  

A decisão do tribunal europeu deverá ser divulgada muito brevemente.

Os 17 magistrados do Conselho de Estado consideraram legal a decisão  dos médicos de retirar os cuidados paliativos ao paciente, incluindo a alimentação  e a hidratação artificial. 

A decisão foi tomada tendo por base os muitos testemunhos que mostravam  que antes do acidente que o levou para a cama do hospital, em setembro de  2008, Lambert tinha mostrado a sua recusa em ser mantido artificialmente  com vida. 

Os médicos consideram que Lambert não recuperará e que alguns dos seus  comportamentos deixam antever que se recusa a continuar a viver, opinião  partilhada por seis dos seus irmãos, pela sua mulher e outros familiares  e amigos. 

Mas os pais e dois outros irmãos não partilham desta opinião e recusam  que se lhe aplique a lei de cuidados paliativos, já que a doença de Lambert  não está em fase terminal. 

Lambert só pode mover os olhos e sente dor, mas os médicos não conseguiram  descobrir se o paciente compreende quando se fala para ele. 

O caso de Lambert e a batalha familiar que o alimentou reavivou o debate  sobre a eutanásia em França e marcou a existência de duas opiniões opostas  sobre o fim de vida de pessoas em situação extrema. 

À espera de uma lei que aclare a situação, prometida pelo presidente  François Hollande durante a campanha eleitoral de 2012, o caso ficou marcado  pela ambiguidade das leis existentes. 

Tal como estipula a atual lei de cuidados paliativos, uma equipa de  médicos do hospital universitário de Reims, no leste de França, tomou a  decisão de não continuar a manter o paciente com vida em abril de 2013.

No entanto, um mês depois de se lhe retirarem os cuidados paliativos,  os pais começaram uma batalha jurídica que obrigou a nova ligação às máquinas.

Cada vez que os médicos relançavam os procedimentos de fim de vida,  as decisões dos tribunais eram sempre favoráveis aos pais. 

O relator geral, representante do Governo e do Conselho de Estado, pronunciou-se  favoravelmente na quinta-feira a favor de parar a alimentação artificial  a Lambert, depois de ter consultado três novos relatórios médicos. 

 

Lusa

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