A ícone da oposição ucraniana, que se encontra presa desde 2011, defendeu ainda que o presidente Viktor Ianukovich tem que abandonar o poder.
A Ucrânia é há mais de dois meses palco de protestos antigovernamentais depois de o presidente Viktor Ianukovich ter rejeitado um acordo comercial com a União Europeia a favor do reforço das relações com a Rússia.
"Os nossos amigos europeus acreditam que após longas negociações e empréstimos conseguirão trazer Viktor Ianukovich de volta ao caminho europeu", disse a antiga primeira-ministra numa entrevista divulgada hoje pelo semanário Dzerkalo Tyzhnia.
"Mas não conseguirão fazê-lo porque não é Ianukovich quem decide, mas Putin", acrescentou.
"Temos que nos livrar de um presidente da Ucrânia que já não toma decisões independentes e legais", prosseguiu, sublinhando que a Ucrânia já é vista internacionalmente como "o parceiro minoritário da Rússia".
Pouco depois de Ianukovich ter recusado o acordo com a União Europeia, a Rússia anunciou que iria conceder um apoio financeiro de 15 mil milhões de dólares à Ucrânia, tendo já adiantado uma parcela de 3 mil milhões.
"Se Vladimir Putin gastou 50 mil milhões de dólares nos jogos olímpicos de Sochi, gastará o que for preciso para a Ucrânia", sublinhou Timoshenko.
Quando no final de janeiro as manifestações antigovernamentais se tornaram violentas, causando quatro mortos e mais de 500 feridos, Ianukovich iniciou um processo negocial com a oposição.
Demitiu o governo e anunciou que todos os manifestantes detidos desde o início da contestação seriam amnistiados desde que abandonassem os edifícios públicos que ocupam.
Na sexta-feira, as autoridades anunciaram que todos os prisioneiros tinham sido libertados e que as acusações contra eles seriam abandonadas dentro de um mês, a partir de 18 de fevereiro, se as condições da amnistia fossem cumpridas.
A oposição concordou em abandonar partes da rua Grushevsky - cenário dos violentos confrontos do mês passado - para permitir a circulação, mas os manifestantes ainda não deram sinal de pretenderem esvaziar os edifícios ocupados e de retirar as barricadas.
Para Timoshenko, "o único ponto de negociação com Ianukovich serão as condições da sua saída"