A prisão, realizada hoje de manhã na cidade de Maranello, no norte da Itália, foi feita pela polícia italiana, após investigação da Polícia Federal brasileira em cooperação com autoridades da Argentina, Espanha e Itália.
A localização de Pizzolato partiu da informação da Polícia italiana de que uma pessoa chamada Celso Pizzolato havia requerido, em setembro, a alteração do estatuto de cidadão italiano no exterior para cidadão italiano residente.
A partir de então, a polícia brasileira procurou mais informações sobre a identidade de Celso Pizzolato e descobriu que este era irmão de Henrique Pizzolato morto em 1978, num acidente de carro, aos 24 anos.
Na sequência desta informação, foram solicitados os registos dos documentos de Celso Pizzolato e as impressões digitais no seu documento de identidade original e que foram comparados com as que tinham sido recolhidas no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, onde Henrique Pizzolato embarcou, com documentos falsos, rumo a Barcelona.
O ex-banqueiro brasileiro foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão por formação de quadrilha (equivalente a associação crimonosa), branqueamento de capitais e peculato no processo do "mensalão", que envolveu ainda outros onze condenados, todos presos desde novembro passado.
O ex-diretor do Banco do Brasil também possui cidadania italiana, porém, no decorrer do processo, os seus dois passaportes - tanto o brasileiro quanto o italiano - foram recolhidos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
Henrique Pizzolato foi localizado a partir da identificação de um automóvel, também em nome de Celso Pizzolato, com matrícula de Málaga (Espanha), tendo sido abordado pela polícia quando chegava ao apartamento do sobrinho, ao lado de sua esposa.
Na ocasião, Pizzolato identificou-se como Celso e mostrou os documentos falsos, mas, no final do interrogatório, acabou por admitir a sua identidade. Os documentos verdadeiros foram encontrados dentro do apartamento onde vivia.
A expectativa agora é e que o Governo brasileiro faça um pedido de extradição de Henrique Pizzolato às autoridades de Itália.
O processo do "mensalão" foi um esquema de corrupção política ocorrido durante o primeiro mandato do Governo de Lula da Silva, com a compra de voto de parlamentares da oposição.
Em novembro do ano passado, foram expedidos 12 mandados de prisão contra os condenados e onze deles entregaram-se à polícia.
A fuga de Henrique Pizzolato ficou evidenciada a partir de uma carta, escrita pelo próprio, na qual dizia que procuraria um julgamento "justo" em Itália, o que teria direito por possuir a nacionalidade italiana.
Lusa