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"EUA têm obrigação de arranjar alternativas" para a base das Lajes, defende embaixador português

O representante da República para os Açores defendeu hoje que os norte-americanos "têm a obrigação, que não é apenas moral", de arranjar outras utilidades para a base das Lajes, na ilha Terceira.

"Os americanos têm de dar eles próprios outras utilidades à base das  Lajes. Têm uma obrigação que não é apenas moral, uma vez que o acordo vigente  entre os nossos países está baseado no princípio da cooperação", declara  o embaixador Pedro Catarino, em entrevista à agência Lusa. 

Pedro Catarino chefiou a delegação portuguesa que negociou o Acordo  Bilateral de Defesa e Cooperação entre Portugal e os EUA em vigor, que foi  assinado em 1995. 

O representante da República frisa que os norte-americanos "têm de  fazer o necessário para que se encontrem soluções sucedâneas" para as Lajes  e vê "com alguma preocupação o impacto da redução drástica dos efetivos  do contingente militar dos EUA" na Terceira. 

"Vai ser um fator muito negativo, sobretudo em relação à Terceira, que  é uma ilha como uma dimensão relativamente reduzida e sem grandes potencialidades  económicas. Não se anteveem, de imediato, soluções sucedâneas com o benefício  económico que tem a presença dos americanos", acentua.  

Pedro Catarino aponta que "era bom que os americanos tivessem a consciência  disso, eles que foram, nos últimos 60 anos, bem acolhidos e que cumpriram  as suas missões com grande facilidade e sempre com uma disposição positiva  por parte das entidades portuguesas e açorianas". 

O representante da República quer "fazer ver aos americanos que qualquer  passo, por mais pequeno que seja no seu ponto de vista, é um passo gigante  visto pelos locais". 

O embaixador entende que os direitos dos trabalhadores "têm de ser respeitados  e não se pode fazer uma aplicação cega e linear da lei, que prevê o despedimento  coletivo e a reestruturação da base".  

Pedro Catarino refere que os governos da República e regional "estão  a fazer tudo o que podem", mas este "é um trabalho que tem que ser continuado  para encontrar soluções adequadas". 

O representante da República exemplifica com as iniciativas diplomáticas  nos EUA por parte do presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, e  a importância do próximo encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros  português e o secretário de Estado da Defesa norte-americano. 

O embaixador recorda que os Açores deixaram de receber contrapartidas  financeiras porque os "americanos insistiram energicamente" que estas deixaram  de fazer sentido com a adesão de Portugal à UE. 

"Os americanos colocaram, com certo vigor, que se justificavam as contrapartidas  financeiras no tempo em que Portugal era um país com desenvolvimento socioeconómico  reduzido. Isso já não tinha esta justificação após a entrada de Portugal  na União Europeia", explicou.  

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