A decisão do presidente, Viktor Ianukovitch, de suspender os preparativos para um acordo com a União Europeia em novembro e, depois, de recorrer à força para reprimir as manifestações deu origem à maior vaga de protestos no país desde a Revolução Laranja de 2004.
"Apresentámos ao primeiro-ministro, Mykola Azarov, a exigência de reformar o governo a 90%", disse à imprensa Anna Guerman, deputada do Partido das Regiões, depois de conversações com o primeiro-ministro. "Azarov disse que ia dar hoje a conhecer ao presidente a posição da fação e que seriam certamente tiradas conclusões", acrescentou a deputada.
Guerman, que foi chefe de gabinete de Ianukovitch, disse que a demissão do primeiro-ministro não foi discutida. O representante do presidente no Parlamento, Iuri Mirochnichenko, disse por seu lado à imprensa que são necessários "passos decisivos". "Foi mantida uma conversa emocional baseada em princípios. Temos de dar passos decisivos para resolver os problemas", disse.
Azarov propôs a criação de um grupo de trabalho, mas pormenores ou prazos de uma remodelação não foram discutidos, segundo Mirochnichenko.
Esta informação foi conhecida depois de as primeiras conversações diretas entre Ianukovitch e a oposição, na sexta-feira, fracassarem.
No sábado, quase 300.000 pessoas protestaram no centro da capital, Kiev, apesar do frio intenso, para exigir ao governo a assinatura do acordo com a UE. Também no sábado, e no domingo, dezenas de milhares de apoiantes do presidente Ianukovitch.
Também no fim-de-semana, o Ministério Público anunciou o processamento judicial de quatro altos funcionários pela repressão policial de 30 de novembro de uma manifestação pacífica em Kiev, mas a oposição considerou a medida insuficiente. Os acusados são o demitido presidente da câmara de Kiev, Alexandr Popov, o chefe adjunto do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Vladimir Sivkovich, e os chefes de polícia Valeri Koriak e Piotr Fedcuk.
Lusa