A cerimónia, breve, foi uma iniciativa conjunta do Consulado Honorário da África do Sul em Cabo Verde e do Governo cabo-verdiano e nela participaram o antigo presidente António Mascarenhas Monteiro, membros do executivo e do corpo diplomático e de organizações internacionais acreditadas no arquipélago.
No final do ato, e em declarações aos jornalistas, José Maria Neves relembrou a "instância ética e moral" que representa "Madiba", falecido na quinta-feira, no continente africano e no Mundo e exortou os líderes de África a seguirem o seu exemplo.
"Nelson Mandela, quando abriu a campanha eleitoral, em 1993, disse que tinha de fazer um discurso virado para o futuro e não para o passado. Agora estão novas estrelas a brilhar no céu e é preciso ver como irão alumiar os caminhos do futuro, que se quer de liberdade, democracia e dignidade para África", afirmou.
Para José Maria Neves, a generosidade, tolerância, espírito de perdão e entrega total à causa do bem comum são "luzes que devem servir de referência, sobretudo aos líderes africanos", para se construir a "nova África, moderna, livre, democrática e onde todos os recursos estão ao serviço dos seus filhos".
"Este é o grande ensinamento que podemos tirar de Mandela, que é hoje uma instância ética e moral para toda a África e para toda a Humanidade", salientou.
Por seu lado, Ilídio Cruz, cônsul honorário da África do Sul em Cabo Verde (a embaixada é em Dacar, Senegal), destacou que a iniciativa vai permitir que as personalidades do país e do corpo diplomático possam homenagear Mandela.
Ilídio Cruz lembrou que, ainda em vida, Mandela foi homenageado por Cabo Verde, que deu o nome do líder sul-africano ao aeroporto internacional da Cidade da Praia, tendo agradecido, em nome do Governo de Pretória, os sucessivos atos em memória do primeiro presidente negro da África do Sul.
Questionado sobre o que pensa a África do Sul sobre Cabo Verde, Ilídio Cruz lembrou que as relações são históricas e que vêm desde o tempo da luta armada (1961/74) pela independência da Guiné e Cabo Verde.
"O presidente Mandela, antes de o ser, participou (1961 e 1962) em diferentes reuniões que se organizavam na altura para a preparação do processo de libertação nacional (no quadro do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde - PAIGC)", recordou.
O cônsul honorário da África do Sul em Cabo Verde salientou também que o arquipélago, do ponto de vista diplomático, deu uma "grande contribuição" a todo o processo que conduziria à libertação de Mandela, a 11 de fevereiro de 1990.
"Há uma expetativa de que as excelentes relações históricas e políticas possam ser transformadas em económicas. Ainda não estão ao nível que desejaríamos", indicou.
"Há protocolos que só faltam assinar e, com o ambiente político que existe e com a visita do Presidente de Cabo Verde à África do Sul (janeiro de 2012), que deu uma contribuição muito forte, há agora a necessidade de se passar à prática", concluiu.
Lusa