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EUA e Irão tiveram discussões secretas antes do acordo nuclear de Genebra

Os Estados Unidos e o Irão  tiveram discussões bilaterais secretas desde o verão, informou hoje um alto  responsável norte-americano citado pela agência AFP, depois da conclusão  de um acordo nuclear com Teerão. 

Central nuclear de Bushehr, a sul de Teerão (Arquivo Reuters)
REUTERS

O responsável, que falou sob anonimato, explicou que os Estados Unidos  "tiveram algumas discussões bilaterais com os iranianos desde a eleição  do Presidente Rohani", em junho, confirmando, assim, as revelações de sábado  à noite do portal Al-Monitor, especializado no Médio Oriente. 

"Os Estados Unidos sempre disseram claramente que o grupo 5+1  [Estados  Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha] era o canal apropriado  para as negociações com o Irão para se alcançar um acordo sobre o programa  nuclear", disse a mesma fonte ao salientar que as discussões bilaterais  de Washington e Teerão foram "limitadas". 

O responsável norte-americano citado pela AFP acrescentou que as discussões  bilaterais pretendiam "reforçar as negociações no seio do grupo 5+1". 

De acordo com o Al-Monitor, que cita responsáveis norte-americanos anónimos,  os contactos bilaterais remontam a junho e desenvolveram-se sob a responsabilidade  do número dois do Departamento de Estado norte-americano, William Burns,  antigo líder da equipa de negociadores dos Estados Unidos sobre o programa  nuclear iraniano. 

Os Estados Unidos e o Irão não têm relações diplomáticas desde a revolução  islâmica de 1979. 

O Governo iraniano comprometeu-se esta madrugada em Genebra com os Estados  Unidos, a Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha a parar o enriquecimento  de urânio até 20% e a fazê-lo abaixo de 5%, apenas o suficiente para o seu  uso civil, bem como a não expandir as centrais nucleares de Fordo e Natanz  e a parar a construção da central de Arak, onde se poderia produzir plutónio.

Em troca, as grandes potências garantem o alívio das sanções contra  o Irão, avaliadas em sete mil milhões de dólares, durante o período de seis  meses durante o qual o acordo é válido, mas se Teerão não o cumprir por  completo as sanções voltarão a entrar em vigor. 

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse em Genebra,  esta noite, que serão implementados mecanismos de controlo "sem precedentes"  do programa nuclear iraniano, com "acessos diários" de mecanismos de verificação  a todas as instalações nucleares do país. 

"Isto garantirá que o programa será submetido a mecanismos de vigilância  que a comunidade internacional jamais teve antes", sublinhou. 

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov,  a Agência Internacional de Energia Atómica terá um controlo total sobre  o programa nuclear iraniano. 

Este acordo entre o Irão e os membros do Conselho de Segurança da ONU  mais a Alemanha representa um momento histórico na diplomacia recente e  prevê a primeira paralisação do desenvolvimento do programa nuclear iraniano  na última década. 

Lusa

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