Em comunicado hoje divulgado, a Secretaria de Comunicação da Presidência brasileira sustenta que "as práticas ilegais de intercetação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem um facto grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos".
O governo brasileiro afirmou ainda que "tem presente a importância e a diversidade do relacionamento bilateral, fundado no respeito e na confiança mútua", recordando que os dois países têm trabalhado juntos em diversas áreas, como ciência e tecnologia e educação.
A nova data para a visita de estado ainda não foi definida pelos países. Segundo o comunicado, a decisão foi tomada pela presidente brasileira depois de não ter existido qualquer explicação por parte das autoridades norte-americanas, apesar do pedido do Brasil.
Na segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff recebeu um telefonema de Barack Obama, dando continuidade a um encontro mantido em São Petersburgo, durante a cimeira do G20. Em paralelo, fontes diplomáticas dos dois países têm referido vários contactos entre o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, e a assessora presidencial norte-americana para os assuntos de Segurança Nacional, Susan Rice. "O governo brasileiro confia em que, uma vez resolvida a questão de maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo possível", informa o comunicado.
Em resposta a esta decisão, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que futura visita de Dilma "não deve ser ensombrada por um tema bilateral isolado, por muito que seja importante ou desafiante esse tema".
A espionagem específica às comunicações de Rousseff foram divulgadas pela TV Globo no dia 1 de setembro, com base em documentos dos serviços secretos norte-americanos tornados públicos por Edward Snowden.
Uma semana depois, a emissora revelaria que as escutas teriam atingido também a petrolífera Petrobrás. Após esse anúncio, a diplomacia brasileira exigiu um esclarecimento do caso junto dos Estados Unidos.
Lusa