De acordo com o novo balanço do Ministério da Saúde, registaram-se 235 mortes entre civis, às quais o Ministério da Administração Interna acrescentou a morte de 43 polícias.
O balanço anterior do Ministério da Saúde, divulgado hoje à tarde, dava conta de 149 mortos.
As forças de segurança invadiram hoje os acampamentos de protesto dos apoiantes do presidente Morsi, num assalto há muito antecipado e que as fontes oficiais adiantaram ter resultado na morte de 278 pessoas em várias partes do Egito.
Em resposta à violência, o Governo interino impôs o estado de emergência e recolher obrigatório durante um mês no Cairo e outras 13 províncias.
O estado de emergência começou às 16:00 (15:00 em Lisboa), resultando num recolher obrigatório de onze horas diárias que começa às 19:00.
Imagens e vídeos do derramamento de sangue no Cairo dominaram os meios de comunicação e as redes sociais, ao mesmo tempo que as potências mundiais pediam contenção e condenavam a demonstração de força por parte das forças de segurança.
Pelo menos quatro igrejas foram atacadas, tendo os ativistas cristãos acusados os apoiantes de Morsi de levarem a cabo uma "guerra de retaliação contra os coptas no Egito".
Horas depois dos primeiros disparos de gás pimenta terem chovido nas tendas dos protestantes na praça Rabaa al-Adawiya, um correspondente da France Presse contou pelo menos 124 mortos nas morgues improvisadas.
Num hospital de campanha, com os chãos escorregadios de sangue, os médicos lutavam para lidar com as vítimas, pondo de parte os casos críticos, mesmo quando ainda estavam vivos.
Entre os mortos registados no Cairo está a filha de 17 anos de um líder da Irmandade Muçulmana, afirmou um porta-voz do movimento pró-Morsi.
A britânica Sky News anunciou também que um dos seus 'cameraman', Briton Mick Deane, foi alvejado e morto quando fazia a cobertura dos confrontos.
A violência precipitou a saída do vice-Presidente Mohamed El-Baradei, que justificando que a sua consciência estava perturbada com a perda de vidas, principalmente por acreditar que todas aquelas mortes poderiam ter sido evitadas.
Entretanto, já hoje à noite, um membro das forças de segurança garantiu que a praça Rabaa al-Adawiya estava "totalmente sob controlo" e que já não se registam mais confrontos.
As autoridades afirmaram depois que a calma tinha regressado um pouco por todo o país.
Lusa