A agência oficial Sana refere que o título foi retirado ao chefe de governo turco, Recep Tayip Erdogan, devido ao "complô que planeia contra o povo sírio" e por causa da violência "arbitrária" que as autoridades turcas utilizaram contra os participantes das recentes manifestações na Turquia.
O reitor da Universidade de Alepo, Khdair Orfaly, citado pela agência Sana, descreveu a decisão como uma "mensagem de solidariedade para com as pessoas amigas da Turquia que rejeitam a política hostil de Erdogan".
As fronteiras entre a Síria e a Turquia, antigos aliados regionais que partilham uma extensa fronteira, deterioram-se desde o início da revolta contra regime do presidente Bashar al-Assad, em março de 2011.
Após os primeiros sinais de revolta na Síria contra o regime de Damasco, o executivo de Ancara referiu-se ao Presidente sírio, Bashar al-Assad, como responsável pelo terror contra a população e chegou a descrever os movimentos de protesto como "uma verdadeira primavera", referindo-se às revoltas no Magrebe que resultaram em mudanças profundas, sobretudo na Tunísia e no Egito. Desde então o primeiro-ministro turco tem sido um dos críticos mais severos do regime sírio.
Mais de 400 mil sírios, entre os quais também líderes da oposição civil e militar, procuraram refúgio no sul da Turquia e Ancara promoveu recentemente uma reunião da oposição a Damasco.
As manifestações na Turquia começaram em finais de maio em Istambul, quando milhares de pessoas impediram o início das obras de construção de um empreendimento imobiliário no centro da cidade que implicava a destruição do parque Gezi.
O protesto contra a construção do centro comercial acabou por se transformar num protesto contra o Governo, sem precedentes, e que ficou marcado pela intervenção excessiva das autoridades turcas contra milhares de manifestantes, segundo acusam várias organizações de defesa dos direitos humanos.
A televisão oficial da Síria, que nunca divulgou as manifestações contra Assad, acompanhou em permanência os tumultos nas principais cidades da Turquia e usou com ironia os mesmos argumentos que a Turquia utilizara contra Bashar al-Assad para se referir aos protestos.
Vários membros do executivo de Damasco criticaram abertamente o Governo turco, com alguns governantes sírios a apelarem à libertação dos prisioneiros detidos por delito de opinião.
Lusa