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Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela querem limites às práticas de espionagem

Os Presidentes do Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela, reunidos na cimeira da Mercosul anunciaram que vão recorrer a instâncias internacionais para que sejam impostos limites às práticas de espionagem.

Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela querem limites às práticas de espionagem (Reuters)
© Stringer . / Reuters

Numa declaração, no final da cimeira, em Montevidéu, no Uruguai, os quatro Estados do bloco garantiram que vão recorrer às "instâncias internacionais competentes para a adoção de normas relativas à regulação da Internet, no que se refere à segurança cibernética", a fim de preservar a segurança das comunicações e a soberania dos Estados. 

Quanto ao caso do ex-técnico da CIA, Edward Snowden, que revelou uma rede global de espionagem dos Estados Unidos e é reclamado por este país, encontrando-se desde final de junho na zona de trânsito do aeroporto de Moscovo, as nações do Mercosul defenderam o "direito inalienável de qualquer Estado dar asilo sem restrições nem limites".  

"É fundamental que seja garantido o direito dos refugiados de circularem em segurança até ao país de acolhimento", refere a declaração, rejeitando "qualquer tentativa de pressão, de perseguição e criminalização por um Estado ou por terceiros". 

Os chefes de Estado do Mercosul exigem "aos responsáveis 'pela espionagem dos Estados Unidos' que ponham imediatamente fim a estas ações" e apresentem explicações sobre a sua motivação e as suas consequências". 

Durante esta cimeira ficou decidido também o regresso do Paraguai à organização depois de a sua participação ter sido suspensa há um ano na sequência da destituição pelo Congresso do Presidente de então Fernando Lugo.

Argentina denuncia espionagem eletrónica contra mais de 100 figuras políticas

O Governo argentino denunciou na sexta-feira que as contas de correio eletrónico de mais de uma centena de figuras políticas do país foram alvo de espionagem e garantiu que o caso vai ser levado à Justiça.     

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Argentina, Héctor Timerman, declarou à imprensa, depois da cimeira do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, que recebeu um "envelope fechado com uma lista com mais de 100 pessoas que incluía os seus endereços de correio eletrónico e palavras-passe", de acordo com a agência oficial argentina Télam.   

"Recebi a lista de um funcionário de um país que participa na cimeira e recebeu a mesma de um terceiro país", explicou.   

De acordo com a Télam, o governante defendeu que "evidentemente isto pode tratar-se de uma rede de espionagem" com origem no exterior, sem identificar o país. 

Depois da insistência dos jornalistas, o ministro disse que lhe "tinham pedido segredo" sobre a origem da espionagem.  

Entre os nomes das personalidades alegadamente alvo de espionagem está o vice-presidente argentino Amado Boudou, o ministro da Justiça e Direitos Humanos Julio Alak, a deputada da oposição Victoria Donda, entre outros.  

Timerman disse que divulgou a lista com os nomes a pedido da Presidente argentina, Cristina Kirchner. 

Esta revelação do Governo argentino aconteceu horas depois de os países do Mercosul terem condenado a espionagem dos Estados Unidos na região numa declaração conjunta dos presidentes de Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela.

Com Lusa

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