"Assistimos em 2012 ao maior número de pessoas deslocadas desde 1994", ano marcado pelo genocídio no Ruanda e consequências do colapso da ex-Jugoslávia, disse o alto-comissário para os refugiados, António Guterres, em conferência de imprensa, por ocasião da publicação do relatório "ACNUR, Tendências Globais 2012".
No final de 2012, o número total de exilados dentro ou fora dos seus países alcançou os 45,2 milhões - que inclui 15,4 milhões de refugiados, 937.000 requerentes de asilo e 28,8 milhões de deslocados internos -, o que representa um crescimento em relação aos 42,5 milhões registados no ano anterior.
A guerra continua a ser a causa predominante na origem dos deslocados, sendo que mais de metade (55%) do total de refugiados no mundo são originários do Afeganistão, Somália, Iraque, Síria e Sudão, informou António Guterres.
O responsável indicou que "80% dos refugiados encontram acolhimento nos países em vias de desenvolvimento", mais do que os 70% que passavam a viver nesses países há uma década.
"Isto significa que as pessoas não abandonam os seus lares em busca de uma vida melhor, mas sim que são forçadas a fazê-lo, e com isso ficam mais pobres", explicou.
O Paquistão é o principal recetor de refugiados, com um total de 1,6 milhões no final de 2012. Em segundo lugar está o Irão, com 868.200, seguido da Alemanha e Quénia, com 589.700 e 565.000, respetivamente.
António Guterres alertou também para o "grande desafio humanitário" no caso das crianças, que deverão representar 46 % do total de refugiados.
No ano passado foi registado o número recorde de 21.300 pedidos de asilo de menores de 18 anos que não estavam acompanhados pelos seus pais.
"Os menores podem cair nas mãos dos traficantes ou contrabandistas, correm riscos de vida e enfrentam situações preocupantes. Observaram-se violações dos direitos humanos terríveis", acrescentou António Guterres.