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Juiz suspende temporariamente audição da filha do rei espanhol prevista para 27 de abril

O juiz espanhol José Castro decidiu hoje suspender, temporariamente, a audição como arguida da infanta Cristina, filha do rei espanhol, Juan Carlos, e prevista para o dia 27 de abril, informaram fontes judiciais.

© Gustau Nacarino / Reuters

O juiz explicou que a decisão de marcar nova data para a audição depende  da decisão da Audiência Provincial de Palma de Maiorca (Ilhas Baleares)  sobre um recurso da procuradoria quanto à declaração da infanta como arguida  no processo que envolve o seu marido.  

A decisão surge pouco tempo depois de o procurador anticorrupção espanhol  Pedro Horrach ter apresentado um recurso contra a declaração como arguida  da infanta Cristina, pedindo a José Castro que suspendesse, por isso, a  audição marcada. 

Horrach formalizou o recurso na Audiência em Palma de Maiorca (Ilhas  Baleares) onde decorre parte do processo conhecido como 'caso Nóos' que  está a ser conduzido pelo juiz de instrução José Castro. 

Nesse recurso, Horrach considera que os indícios apresentados por Castro  para decretar o estatuto de arguida à filha de Juan Carlos se baseiam em  "meras circunstâncias inócuas, inconsistentes e equívocas" ou "meras suspeitas  pessoais". 

Horrach argumenta que constituir uma pessoa arguida com base em factos  que "a priori não apresentam indícios de delitos pressupõe, pelo menos,  um trato discriminatório". 

"A análise dos indícios supostamente incriminatórios que recolhe o auto  (...) não merece tal consideração jurídica, mas constituem meras circunstâncias  inócuas, inconsistentes e equívocas, em alguns casos, ou meras suspeitas  pessoais, em outros" pelo que delas "não pode inferir-se indiciariamente  participação em condutas passíveis de delitos penais", sublinha.

"De toda a intensa atividade investigadora desenvolvida, unicamente  se pode extrair o facto inquestionável de que a senhora Cristina de Borbón  y Grecia figurava como vogal do Instituto Nóos, de que o seu nome aparecia  num folheto publicitário do mesmo e de que detinha participações sociais  da entidade mercantil Aizoon S.L", refere. 

Com base nestes argumentos e até que a decisão do recurso seja conhecida,  Horrach pede ao juiz que suspende a audição da infanta, algo a que o magistrado  acedeu pouco tempo depois. 

Cristina Federica de Borbón y Grecia foi declarada arguida na quarta-feira  e convocada para depor perante o juiz José Castro, em Madrid, no próximo  dia 27 de abril. 

Cristina de Bórbon seria ouvida na sua qualidade de coproprietária da  empresa Aizóon e de dirigente da Fundação Nóos, num processo que envolve  a alegada apropriação indevida de fundos públicos.  

A declaração da infanta como "imputada" (figura equivalente a arguida  em Portugal) surge depois de outro dos arguidos no processo, Diego Torres,  ex-sócio de Urdagarin, ter apresentado novos correios eletrónicos que, alegadamente,  vinculam a filha do rei com a empresa. 

Apesar de o processo decorrer há vários meses, a procuradoria espanhola  considera até agora não haver indícios de envolvimento da infanta nas atividades  diárias da Fundação Nóos, pelo que optou por nunca a considerar arguida.

Neste caso, a decisão de constituir a filha do rei como arguida foi  tomada apenas pelo juiz. 

Os vários correios tornados públicos por Torres - o sétimo lote divulgado  - incluem mensagens trocadas entre Cristina e o seu marido, que a consulta  sobre várias gestões que pretendia realizar à frente do Instituto Nóos.

No passado dia 23 de fevereiro, em tribunal, Iaki Urdangarin negou  que a sua mulher tivesse qualquer relação com os negócios do Instituto Nóos,  desmentindo também o envolvimento da Casa Real. 

"Declaro que a família real não deu o seu parecer, recomendou, autorizou  ou apoiou as atividades que eu realizava no Instituto Nóos", disse no tribunal  de Palma de Maiorca onde foi ouvido durante cerca de quatro horas, segundo  a agência noticiosa espanhola Efe. 

O antigo campeão olímpico, de 45 anos, casado com a filha mais nova  do rei de Espanha Juan Carlos, é suspeito de ter desviado vários milhões  de euros de fundos públicos através do Nóos, uma sociedade de patrocínios  à qual presidiu entre 2004 e 2006.

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